Mais rápido do que uma bala. Se um piloto de caça apostar uma corrida, vai ser obrigado a reconhecer: "ok, você venceu". É o super carro, capaz de fazer 1.600 quilômetros por hora. Parece coisa de desenho animado, mas está virando realidade. Numa feira de Engenharia, um modelo está em exposição e já atrai, quem sabe, futuros motoristas. "Eu adoraria dirigir um", diz um jovem.
O nome dele é
Bloodhound, inspirado numa raça de cachorros. É o veículo mais rápido do mundo. Tem 135 mil cavalos de força. Sabe o que significa isso? Imagine a potência de todos os carros da Fórmula 1 e multiplique por 6.
É uma mistura de carro e avião, não apenas na aparência, mas também na tecnologia. Ele tem 13 metros de comprimento. É tão grande para ter espaço suficiente para os três motores. Um deles é a turbina de um Eurofighter Typhoon, um caça usado pela força aérea da Grã-Bretanha e de outros países. Com tanta potência, uma das maiores preocupações dos engenheiros foi evitar que o carro decole como um avião.
David, que apresenta o carro na exposição, explica que é o desenho aerodinâmico que o mantém preso ao chão. Ele conta que o maior desafio foi desenhar a traseira do carro. Foram necessários mais de 10 projetos para chegar ao desenho certo. "Nada aqui foi desenhado para que fique bacana, tudo tem uma função aerodinâmica". O carro também será impulsionado por um foguete de 4 metros de comprimento.
Mark Chapman, o engenheiro-chefe, explica que o terceiro motor, que é de um carro de Fórmula 1, terá a única missão de jogar o combustível para dentro do foguete. "Ele precisa esvaziar o tanque de combustível em 17 segundos para que o carro alcance a velocidade certa e só um motor de Fórmula 1 tem o tamanho e a potência certas para isso", explica.
A intenção é bater o recorde mundial de velocidade daqui a um ano e meio. O local será um deserto na África do Sul.
O "motorista" também já foi escolhido: Andy Green, um piloto da força aérea britânica, que vai tentar bater o próprio recorde. Ele é o único homem que já dirigiu um carro supersônico. Foi em 1997, num deserto no Arizona, Estados Unidos. Andy dirigiu um carro que chegou a quase 1200 quilômetros por hora, quebrando a barreira do som. Foi mais rápido do que as ondas sonoras, o que provoca um estrondo.
Agora, ele vai dirigir 400 quilômetros por hora mais rápido. Ele levará um protótipo do carro para ser mostrado no Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. “A quantidade de habilidades que é preciso ter para dirigir esse carro é impressionante”, diz Andy.
Uma coisa que chama a atenção é o para-brisa, é uma janela pequena em comparação com o tamanho do carro. Um para-brisa maior seria inútil, a 1.600 quilômetros por hora, o piloto não vai ter muito tempo para admirar a paisagem. O engenheiro-chefe explica que a cabine - apesar de parecer bem pequena - é maior do que a de um avião de caça. Foi construída com fibra de carbono. "É muito leve e precisa ser resistente para proteger o piloto".
O carro ainda está sendo construído nesta oficina em Bristol e vai custar o equivalente a 150 milhões de reais. A idéia foi de um milionário e tem apoio do governo britânico. Andy compara o carro à chegada do homem à lua, há 44 anos.
"Toda uma geração de crianças ficou fascinada por aquela tecnologia. Queremos recriar aquela empolgação, usando algo que é real, com transmissão ao vivo e que ninguém fez antes. O objetivo não é bater o recorde, mas tornar a ciência interessante para uma futura geração de engenheiros e cientistas", afirma Andy. (Reportagem exibida pelo Fantástico/ Globo.com)
Assista ao vídeo (em inglês) sobre a montagem do Bloodhound:
O projeto do carro mais rápido do mundo será apresentado ao público brasileiro pela campanha Great durante a semana do Fórmula 1 GP Petrobras do Brasil de 18 a 24 de novembro. Andy Green vem a São Paulo apresentar o projeto em uma série de eventos.
Para ser apreciado por convidados do GP Brasil, um protótipo de aproximadamente 1 metro estará em exposição no Premium Paddock Club, área VIP de Interlagos, neste fim de semana (22, 23 e 24 de novembro).
O piloto do Bloodhound, Andy Green, estará lá para falar com os convidados. "Nos próximos anos nós vamos mostrar ao mundo até onde a engenharia britânica consegue chegar. O Bloodhound é um dos melhores exemplos de quão bem parcerias entre governo, universidades e iniciativa privada funcionam para inspirar cada vez mais o desenvolvimento da inovação", disse Green. O atual recorde de velocidade em terra pertence à equipe do carro Thrust SSC também liderada por Richard Noble e pilotado por Green, que atingiu a marca de 1.228 km/h em 1997.
O projeto do Bloodhound foi lançado em 2008 no Museu da Ciência, em Londres, e, além da quebra do recorde, busca inspirar a próxima geração de cientistas e engenheiros trazendo tecnologias seguras que poderão ser utilizadas pela indústria posteriormente. O carro tem tecnologia híbrida, ou seja, a frente é composta por fibra de carbono como em carros de corrida e a parte de trás do veículo é feita de uma estrutura de painéis de metal, como em uma aeronave.
Com quatro metros de comprimento e 450 kg, o foguete propulsor presente no carro é o maior já projetado na Europa. Em sua velocidade máxima, o veículo é capaz de percorrer uma milha (aproximadamente 1.600 km) em apenas 3.6 segundos.
Prestigiando o Bloodhound, estarão no Premium Paddock Club também o Ministro-adjunto Britânico para os Transportes, Robert Goodwill e o Embaixador Britânico no Brasil, Alex Ellis.