As 71.241 máquinas agrícolas vendidas de janeiro a outubro deste ano no Brasil não só superam em 21,7% as unidades entregues em igual período do ano anterior, como também ultrapassam os 69.374 equipamentos comercializados em todo o ano passado. A informação foi divulgada na quarta-feira (6), pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
“Essa tendência mostra que nossas previsões serão alcançadas”, afirma o vice-presidente da associação, Milton Rego. Em agosto, a associação revisou de 5% para 18,3% o crescimento do mercado interno de máquinas agrícolas, algo em torno de 83 mil unidades.
Sobre a alteração do prazo de processamento do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) e a possibilidade de que isso resulte em alta de vendas ainda mais expressiva até o fim do ano, Milton Rego afirmou: “Os agentes financeiros ainda estão avaliando isso. O importante é o governo anunciar o quanto antes as condições do PSI para o ano que vem”, disse, preocupado com o desempenho do setor para o primeiro trimestre do ano que vem.
A venda de tratores de rodas de janeiro a outubro de 2013 somou 56.813 unidades, alta de 20% em relação a igual período do ano passado. As colheitadeiras totalizam 6.381 unidades, crescimento de 43,4% em relação aos meses equivalentes de 2012. Parte dessa alta se explica pela compra de colheitadeiras por cooperativas, já que o alto valor desses itens dificulta a aquisição pelos pequenos agricultores, que em regra financiam tratores de rodas por causa do programa Mais Alimentos. “Os níveis de desembolso se mantêm, mas (os agricultores) vêm migrando de tratores para implementos e equipamentos para industrialização de seus produtos”, diz Milton Rego.
As retroescavadeiras também tiveram crescimento significativo, com 5.894 unidades vendidas até outubro e alta de 27,7% sobre o período equivalente do ano passado. Das 71,2 mil máquinas vendidas no País, apenas 1.529 unidades eram importadas, ante 1.859 nos mesmos dez meses de 2012, retração de 17,8%. A participação dos itens nacionais cresceu 23%.
Produção
Até outubro o Brasil fabricou 85.819 máquinas agrícolas, alta de 20,8% sobre igual período de 2012. Assim como ocorreu nas vendas internas, esse número também supera as 83.640 unidades produzidas em todo o ano passado. “A diferença só não foi maior por causa das exportações”, afirma o vice-presidente da Anfavea. No acumulado do ano, a montagem de tratores de rodas somou 66.936 unidades, acréscimo de 22,4% sobre os mesmos meses de 2012.
As 7.819 colheitadeiras fabricadas em 2013 superaram em 32,8% o volume de igual período de 2012. As 7.842 retroescavadeiras montadas este ano ultrapassaram em 21% o volume até outubro do ano passado.
Chama atenção a queda de demanda pelos tratores de esteiras. Nos dez meses foram montadas 1.907 máquinas desse tipo, 28% a menos que em igual período do ano anterior: “Isso ocorre pela substituição da técnica para movimentação de terra, que vem sendo feita por escavadeiras hidráulicas e caminhões fora de estrada. Isso ocorre no mundo todo. É o mesmo motivo que reduziu a demanda pelos scrapers”, explica o vice-presidente da Anfavea.
Exportações: cai volume, cresce valor
Ainda de acordo com os números da Anfavea, o Brasil exportou 12,8 mil máquinas agrícolas de janeiro a outubro, levando a uma retração de 5,9% ante iguais meses de 2012. Em valores, contudo, as vendas ao exterior totalizaram US$ 3,05 bilhões, crescimento de 21,5% sobre o período janeiro-outubro do ano passado: “Isso é explicado pela substituição de itens no mix. Uma retroescavadeira custa três vezes mais que um trator. E as exportações desse equipamento cresceram 77,7%”, afirma Milton Rego.
Até outubro o Brasil exportou 9.104 tratores de rodas, queda de 6,2%. As colheitadeiras vendidas ao exterior somaram 902 unidades, retração de 16,8%. A queda da demanda por tratores de esteiras também aparece nas exportações, cujo volume ficou em 1.351 unidades, redução de 31,5% ante o período janeiro-outubro de 2012.
Sobre a possibilidade de aumentar as exportações do setor, o executivo disse: “O Inovar-Máquinas prevê uma série de medidas para adensamento da cadeia produtiva (...) Um país não cresce sendo simplesmente montador.”
Por Mário Curcio/ Automotive Business