A falta de trabalhadores qualificados é um problema em 65% das indústrias brasileiras, apontou uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (28) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O levantamento levou em conta os segmentos extrativo e de transformação — foram consultados 1.761 empresas de pequeno, médio e grande portes. O estudo também indicou que, para suprir essa necessidade, 81% das companhias investem em capacitação própria dos funcionários.
O gerente executivo de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, explicou que, por causa da escassez de mão de obra qualificada, há um “aprofundamento das dificuldades em aumentar a produtividade, o que se reflete em perda de competitividade da indústria brasileira no mercado global”. Ele ressaltou ainda que a situação se perpetua em um cenário no qual a atividade registra um baixo crescimento. “À medida que o setor voltar a crescer, o problema vai se acirrar”, disse Fonseca.
Além de capacitar os próprios trabalhadores, 43% das empresas optam por fortalecer a política de retenção de mão de obra, com o aumento de salários e a oferta de benefícios. Outra medida adotada por 38% das companhias é a qualificação por meio de cursos fora do ambiente laboral. O problema de falta de força de trabalho só diminuiu nas empresas de pequeno porte, segundo a pesquisa.
De 2011 para 2013, passou de 68% para 61% o porcentual de indústrias pequenas que declararam ter essa dificuldade. Uma das razões, segundo a CNI, é a redução mais acentuada da atividade dessas empresas e o consequente recuo da demanda por trabalhadores. Entre as companhias de médio porte, 66% enfrentam esse obstáculo — o mesmo índice de dois anos atrás. Nas grandes, houve aumento de 66% para 68%.
Requisitados
Entre os profissionais mais requisitados, estão os operadores e os técnicos para a produção, além de funcionários da área administrativa, da de marketing, engenheiros, gestores e especialistas em pesquisa e desenvolvimento. A engenheira de produção Fabiane Oliveira Machado, 27 anos, sabe bem disso. Ela conquistou a oportunidade de estagiar em uma multinacional ainda no quarto semestre de graduação. Seis meses depois, na segunda metade de 2010, ela já estava contratada.
“A demanda do setor é grande, e percebi que era um mercado carente de profissionais”, disse ela. Desde que se formou, em julho deste ano, Fabiane recebeu três ofertas de emprego para trabalhar na área, mas recusou, pensando em crescer na empresa que primeiro lhe abriu as portas. “Agora, quero começar uma pós-graduação no próximo ano. Sei da importância de me capacitar ainda mais”, afirmou.
Por Antonio Temóteo/ Correio Braziliense