O governo repassará R$ 20 bilhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) este ano, disse nesta terça-feira (22) o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A informação havia sido antecipada pelo Estado no último fim de semana.
A cifra foi citada pelo ministro para demonstrar que os repasses estão caindo. "O empréstimo este ano será de R$ 20 bilhões, bem menos que no ano passado, no ano retrasado e assim por diante. Estamos diminuindo o aporte de modo a zerar", disse.
Com isso, ele respondeu a uma observação do secretário-geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría, para quem a existência de bancos de desenvolvimento são um sintoma que o sistema financeiro não está funcionando como o ideal.
Mantega também defendeu o uso dos bancos públicos para ofertar crédito no Brasil. "Como o Brasil tem bancos públicos, estimulamos eles a liberar mais crédito", afirmou, referindo-se à crise de 2008 e 2009.
"Em 2010, os bancos privados voltaram com força e recuperaram o seu lugar. Não há ideologia de que banco público tem que ocupar espaço. O que há é necessidade de financiar a atividade econômica, que não pode parar", acrescentou.
Câmbio
As intervenções do Banco Central (BC) no mercado de câmbio já podem ser menos intensas, na avaliação de Mantega. Segundo ele, a sinalização do Federal Reserva (Fed -Banco Central dos EUA) de que manterá por mais tempo os estímulos monetários acalmou o mercado.
"O Banco Central talvez já possa atuar no mercado de câmbio cada vez menos. A diminuição da expectativa em relação ao Fed, de mudar as regras de estímulo, acalmou o mercado". Então ele pode funcionar de forma mais automática e caminhar para equilíbrios cambiais quase satisfatórios", disse ontem.
Desde agosto, a autoridade monetária tem atuado diariamente no mercado oferecendo os chamados "swaps cambiais" para tentar conter a volatilidade das taxas de câmbio. No entanto, a decisão do Fed, em setembro, de manter o ritmo de estímulo monetário, reduziu a desvalorização do real frente ao dólar e levantou um debate sobre a necessidade de o BC manter a política cambial.
Por Renata Veríssimo Anne Warth/ O Estado de S. Paulo