Está confirmado: a nova fábrica da Mercedes-Benz voltada à produção de automóveis no Brasil será em Iracemápolis, em São Paulo, na região de Limeira, a cerca de 150 quilômetros da capital. O investimento na planta será de € 170 milhões (em torno de R$ 500 milhões) para a produção da nova geração do sedã Classe C e do SUV compacto GLA. A companhia admitiu ainda a possibilidade de, no futuro, desenvolver para o mercado nacional o primeiro carro da companhia com motor flexível.
O projeto foi anunciado na manhã da terça-feira (1) para a presidente Dilma Rousseff, que recebeu Andreas Renschler, membro da diretoria de gestão de produção e aquisições da Mercedes-Benz Automóveis e Vans, e Philipp Schiemer, CEO da organização no Brasil e da Daimler América Latina. No encontro, os executivos assinaram documento que formaliza o investimento no País.
Segundo os dirigentes da organização, a decisão de iniciar produção local é parte da estratégia global da companhia para atingir a liderança do segmento de veículos premium em 2020. Além disso, a fábrica nacional dá à marca melhores condições para competir no mercado interno com suas principais concorrentes: BMW e Audi. As duas empresas também anunciaram recentemente a instalação de plantas nacionais.
Os primeiros veículos devem sair da linha de montagem no início de 2016. A capacidade produtiva será de 20 mil carros por ano. A companhia projeta que a nova planta gere cerca de mil empregos diretos, além de outros três mil indiretos. O grupo aponta que a Mercedes-Benz do Brasil finalizará em breve a compra do terreno para começar a construir a fábrica.
A escolha da propriedade que abrigará a planta foi assessorada pela Investe São Paulo, agência de fomento ao investimento do governo do Estado. O terreno tem 2,4 milhões de metros quadrados, dos quais 200 mil metros quadrados serão ocupados pelo prédio que abrigará as linhas de montagem da Mercedes-Benz. O aporte da companhia foi disputado também por Minas Gerais e Santa Catarina.
Após encontro com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin para formalizar o investimento, a fabricante de carros premium apontou que não pretende trazer novos fornecedores para o Brasil. O objetivo é aproveitar as empresas já instaladas no País, principalmente aquelas com quem a Mercedes-Benz já tem relacionamento em outros países. A proximidade de uma série deles talvez tenha sido o fator que deu a vantagem para o Estado na escolha do local da planta.
Com o investimento, a Mercedes-Benz poderá se habilitar no Inovar-Auto como investidora. A fábrica de automóveis da marca vai se enquadrar na categoria do novo regime automotivo para empresas de baixo volume, com capacidade produtiva de até 35 mil unidades por ano e índices de nacionalização menores do que os previstos para plantas de grande produção. Os planos de investimento da BMW e da Audi se encaixam nessa mesma categoria do novo regime automotivo.
Inscrita no Inovar-Auto como investidora e enquanto a nova fábrica não entra em operação, a companhia deverá receber cota para trazer do exterior até 10 mil veículos por ano sem o adicional de 30 pontos no IPI. O volume corresponde à metade da capacidade produtiva esperada para a planta. Pelas regras do programa, metade desse volume, 5 mil veículos, entra no País sem a alíquota majorada. Para importar a outra metade, a empresa precisa pagar a tributação adicional, que será recuperada quando a planta nacional entrar em atividade.
Por Alexandre Akashi/ Automotive Business
Imagem de Roberto Stuckert Filho/PR