Apesar de o chamado Custo Brasil do setor de bens de capital ter diminuído quase sete pontos percentuais entre 2008 e 2012, o setor ainda está longe de retomar sua competitividade diante dos principais países do mundo. Pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) revelou que os gastos da produção de máquinas e equipamentos no Brasil são cerca de 37% superiores aos valores de países como Estados Unidos e Alemanha. Em 2008, este índice chegava a 43,85%.
Na avaliação do diretor regional da Abimaq, Henrique Adolfo Freitas, mesmo assim a competitividade do setor segue mínima quando comparada com essas nações. Isso porque, segundo ele, nos outros países há margens menores tanto de juros quanto de lucro, o que promove a diferença entre os custos com o Brasil e, consequentemente, o elimina da competição no mercado. "Quando tomamos a China como referência, aí que se torna impossível competir mesmo", compara.
O diretor ressalta que se o Custo Brasil continuar a cair nesse ritmo, serão necessárias pelo menos três décadas para zerá-lo. "Por mais otimista que seja essa redução ela não impacta tanto, pois o saldo já está ruim", justifica. Apesar de o valor calculado ser direcionado ao setor de bens de capital, o resultado é basicamente o mesmo para a maior parte da indústria de transformação brasileira.
Ainda conforme Freitas, a queda do custo industrial pode ser explicada basicamente por uma combinação entre desoneração da folha de pagamento e desvalorização do real. A primeira permitiu que os encargos salariais, antes 3% mais caros que no exterior, reduzissem a diferença para 0,95%.
Insumos
O preço dos insumos básicos, que representa a maior disparidade de custo entre produzir dentro do país e ou no exterior, equivalia a 24% em 2008. Já no ano passado, esse percentual reduziu para 20,5%. Isso se deve, principalmente, à queda do real em relação o dólar ocorrida em 2012, trazendo vantagens competitivas e reduzindo do peso da matéria-prima.
O segundo custo mais relevante para o setor foi o impacto dos juros sobre capital de giro, que quase não variou no período. Entre os itens que encareceram para a indústria destaque para a logística, que passou a pesar o dobro - de 1,6% para 3,2% superior em relação aos EUA e à Alemanha.
O detalhamento dos custos se limitou aos oito principais itens, passíveis de quantificação.