A saída de dólares do país superou o ingresso da moeda americana em US$ 2,14 bilhões na primeira semana de setembro, informou ontem (11) o Banco Central (BC). O déficit contribuiu para reduzir o superávit acumulado do ano, que caiu de US$ 2,328 bilhões nos oito primeiros meses do ano para apenas US$ 96,975 milhões no período de janeiro a 6 de setembro. O resultado surpreendeu o mercado, que começa a projetar que o saldo anual do fluxo cambial passará a ser negativo já na próxima semana.
"O resultado foi bastante surpreendente e mostra que o dólar valorizado veio para ficar. É uma mudança estrutural", afirma Felipe Salto, economista da Tendências Consultoria, que reviu sua projeção para a moeda americana no fim do ano de R$ 2,25 para 2,35. "Eu acredito que, na próxima semana, o fluxo cambial deve ficar negativo no ano".
Na semana passada, o saldo foi negativo tanto no comércio exterior, em US$ 2,045 bilhões, quanto em operações financeiras, que abrangem investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, em US$ 96 milhões.
Apesar da surpresa com o fluxo negativo, o dólar comercial fechou ontem (11) em leve queda de 0,08%, a R$ 2,28, acompanhando o mercado internacional, em um pregão de alívio no câmbio com o adiamento de uma possível intervenção americana na Síria. Durante o pregão, a moeda chegou a ser negociada acima de R$ 2,30. Pela manhã, o BC realizou um leilão de 10 mil contratos swap cambial tradicional — equivalente a uma venda de dólares no mercado do futuro — e movimentou cerca de US$ 500 milhões.
"O mercado parece estar respeitando hoje uma barreira informal da moeda em R$ 2,30. O dólar bateu nessa cotação e voltou. O investidor tem medo que, acima desse patamar, o BC volte a intensificar sua atuação", disse Felipe Pellegrini, gerente no Banco Confidence.
No mercado de ações, o Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), fechou em baixa de 0,76%, aos 53.570 pontos. Pesaram as ações preferenciais da Petrobras, que recuaram 2,16%, a R$ 32,95.
Por Eliane Oliveira Bruno Villas Bôas/ O Globo