Balanço divulgado nesta segunda-feira (2) pela Fenabrave, a entidade que representa as concessionárias de veículos, confirmou a inflexão na curva de crescimento do setor, que passa agora a registrar queda de 1,2% nos emplacamentos acumulados do ano. O saldo negativo, contudo, não desanimou a Anfavea, associação das montadoras, ainda otimista em relação a um novo recorde do mercado automotivo em 2013.
Antes mesmo de a Fenabrave divulgar seus números no fim da tarde, Luiz Moan, presidente da Anfavea, disse ter "convicção" de que o mercado vai superar, em 2013, os 3,8 milhões de veículos - incluindo caminhões e ônibus - emplacados no ano passado. Ele evitou, contudo, fazer comentários sobre o desempenho da indústria automobilística em agosto, cujos resultados serão divulgados pela Anfavea na quinta-feira (5).
Espera-se para a ocasião uma revisão, provavelmente para baixo, da expectativa de crescimento traçada pela indústria às vendas deste ano - por enquanto estimado na faixa de 3,5% a 4,5%. As declarações de Moan, contudo, sugerem que os números, embora menores, seguirão projetando uma evolução nos volumes.
Sem surpresa, o resultado de agosto, quando 329,2 mil veículos foram vendidos, ficou bem abaixo da marca histórica de mais de 420 mil unidades licenciadas no mesmo período do ano passado - o melhor mês na história da indústria automobilística. Há um ano, as vendas eram impulsionadas por descontos que chegavam a zerar a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros populares. Agora, o mercado sente os efeitos da antecipação de compras e, desde junho, não consegue mais repetir os volumes do ano anterior.
A diferença das vendas nos oito primeiros meses do ano é negativa em 30,5 mil veículos, comparativamente a igual período do ano passado. No total, os brasileiros compraram 2,47 milhões de unidades entre janeiro e agosto, invertendo o crescimento de quase 9% registrado até maio.
Quando se considera apenas o segmento de carros de passeio e veículos comerciais leves, as vendas somaram 312,7 mil unidades no mês passado, com queda de 3,5% na comparação com julho e de 22,9% em relação a agosto de 2012, quando mais de 405 mil carros foram emplacados. No ano, as vendas de veículos leves acumulam agora queda de 1,9%, com um total de 2,34 milhões de unidades.
O mercado manteve em agosto ritmo parecido ao de julho, com mais de 14 mil carros emplacados a cada dia útil. Contudo, como o calendário desta vez foi comercialmente desfavorável - com um dia útil de venda a menos -, o resultado ficou inferior ao do mês imediatamente anterior.
No mês passado, a Fiat se manteve na liderança, com 21,1% do total de carros vendidos. Já a General Motors (GM) segue ganhando mercado depois da renovação de sua linha. Em agosto, a marca americana teve participação nas vendas de 18,7%, à frente da Volkswagen, que ficou com 17,8%. Quarta colocada, a Ford respondeu por 10% das vendas de carros no país, enquanto a fatia da Renault, na quinta posição, foi de 7%. Já a Hyundai teve 5,6%.
Mesmo com a desaceleração do mercado, Moan voltou a projetar ontem (2) um cenário positivo para vendas e produção de veículos, como resultado do crescimento da demanda doméstica, da melhora das exportações e da substituição de produtos importados por nacionais. Após participar de simpósio sobre inovação tecnológica organizado na capital paulista pela SAE Brasil, ele disse que a participação dos importados - que, até julho, mostrava uma média superior a 20% - caiu para menos de 19%.
O balanço da Fenabrave mostra ainda que as vendas de caminhões - de 13,4 mil unidades em agosto - superaram em 17,7% o total de um ano antes, mas tiveram queda de 12,2% em relação a julho. No acumulado de 2013, esse mercado, em recuperação, mostra alta de 12,4%, somando 103 mil unidades nos oito primeiros meses.