O mercado de câmbio foi novamente marcado na sexta-feira (30) pela intensa volatilidade, com o dólar completando em agosto o quarto mês seguido de alta, maior série desde 2008. E analistas esperam pouca mudança nesse quadro em setembro. Isso porque neste mês o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode anunciar a redução dos estímulos monetários em curso, expectativa que desde maio vem mexendo com os negócios e que no mês passado golpeou sobretudo moedas emergentes.
"Se levarmos em conta os dados americanos em si, não acredito que o Fed vá reduzir as compras agora [em setembro]. De qualquer forma, a volatilidade no câmbio deve permanecer, mas não como antes, já que o BC está ofertando liquidez diariamente", diz o economista-chefe da Mauá Sekular Investimentos, Alessandro del Drago.
Ao fim dos negócios, o dólar comercial subiu 0,63%, para R$ 2,385, após ter avançado 0,94% ontem. Nos últimos quatro meses, o dólar disparou 19,19%.
À tarde, operadores afirmaram que a alta da moeda americana teve relação com uma demanda aparentemente não atendida pelo BC no leilão de swap cambial tradicional realizado pela manhã.
Nessa operação, o BC vendeu todo o lote de US$ 1,5 bilhão ofertado. Pelas mesas de operações, o que se comentava era que o leilão teria sido voltado para um agente específico, que teria tomado todos os contratos para evitar o risco cambial após internalizar volume semelhante de dólares na semana passada. "O que parece é que quem tentou tomar esses swaps, fora essa empresa, não conseguiu e acabou buscando "hedge" no futuro", diz o operador de câmbio de um banco estrangeiro.
Perto do fim da sessão, o BC anunciou uma oferta extraordinário de US$ 1 bilhão em swaps cambiais para hoje. A leitura dos agentes é que esse leilão servirá para atender justamente quem tentou tomar os swaps na operação de sexta e não conseguiu. O BC oferta ainda mais US$ 500 milhões por esses contratos, em operação já programada.
Após chegar a perder quase 7% no pior momento do mês, o real reduziu a queda a 4,32% ante o dólar. A lanterna entre as principais moedas emergentes ficou com a rupia indiana, que caiu 8,95% no período. A lira turca recuou 5,01%, o peso mexicano se desvalorizou 4,74%, e o rand sul-africano teve baixa de 4,09%.
Por José de Castro/ Valor Econômico