BNDES registra desembolso recorde e pode recorrer a novo aporte do Tesouro

Entre janeiro e junho, o BNDES desembolsou R$ 88,3 bilhões, alta de 65% na comparação com os primeiros seis meses de 2012.

O recorde de desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no primeiro semestre levou o presidente da instituição, Luciano Coutinho, a não descartar a possibilidade de novos aportes do Tesouro Nacional para o banco. Entre janeiro e junho, o BNDES desembolsou R$ 88,3 bilhões, alta de 65% na comparação com os primeiros seis meses de 2012. A alta foi puxada pela indústria (93% a mais de liberações), enquanto os repasses para infraestrutura cresceram menos - 36%.
 
O bom desempenho leva a crer que a instituição fechará o ano com o segundo recorde consecutivo em desembolsos, com possibilidade de atingir até R$ 190 bilhões, segundo Coutinho. No ano passado, foram liberados R$ 156 bilhões. "O banco tem recursos próprios para garantir os desembolsos até setembro", disse Coutinho, dando a entender que, para o último trimestre, o BNDES precisará de mais recursos. "Vamos precisar de uma suplementação, mas é difícil dizer de quanto", disse o presidente do banco, acrescentando que não buscará o montante no exterior.
 
Segundo Coutinho, o primeiro semestre confirma tendência de crescimento nos investimentos apresentada no primeiro trimestre. Ele projeta um ciclo de reativação do investimento este ano, a ser comprovado nos números do Produto Interno Bruto (PIB). "Ainda falta ver o dado das contas nacionais, mas pela nossa percepção o primeiro semestre revela a continuidade do crescimento no investimento", disse.
 
Para o executivo, esse fato contrasta com expectativas não favoráveis do setor privado em relação ao desempenho da economia em 2013. Os dados divulgados até hoje, segundo Coutinho, mostram que a economia, no que diz respeito aos investimentos, seguiu bem.
 
"Esperamos que a execução bem-sucedida nas concessões de aeroportos e rodovias, das rodadas de pré-sal e dos leilões de energia reverta esse estado de expectativa do setor privado, e que a economia em 2013 tenha resultado satisfatório", disse Coutinho. O baixo otimismo do setor privado, contudo, aparece também no volume de consultas apresentadas ao banco e que revelam intenção futura de investimentos. O valor de novos pedidos cresceu apenas 6% em relação ao montante apresentado nos primeiros seis meses de 2012. Em 12 meses, as consultas ainda apresentam alta de 44%.
 
Um dos aspectos que devem ajudar a impulsionar a economia e os investimentos no país é a ligeira melhora no ambiente externo, em função dos recentes sinais de recuperação na economia dos Estados Unidos. No ambiente interno, para o segundo semestre, Coutinho já observa uma trajetória de acomodação da inflação, acompanhada de uma taxa de câmbio mais favorável à exportação.
 
"Muitas empresas começam a retomar planos para exportação. São companhias que não tinham competitividade para exportar com um câmbio de R$ 2 e que podem se tornar viáveis com o patamar atual", afirmou o presidente do BNDES. As importações, por outro lado, ainda não responderam ao novo patamar do dólar e, segundo Coutinho, têm crescido em função de bens de capital.
 
O presidente do BNDES destacou o crescimento disseminado nos desembolsos, com forte recuperação da indústria, com atenção para a cadeia automotiva, química e petroquímica. Outro destaque foram as liberações para infraestrutura, principalmente o setor rodoviário.
 
"O Finame foi muito forte no primeiro semestre, sendo o grosso da operação concentrada no Programa de Sustentação do Investimento (PSI)", afirmou Coutinho. O crescimento do PSI, voltado principalmente para máquinas e equipamentos, foi de 230% no primeiro semestre, comparado com igual período de 2012, e foi responsável pela liberação de R$ 42,6 bilhões. O lucro do banco também mostrou reação positiva, com alta de 20,4% no primeiro semestre deste ano, para R$ 3,2 bilhões.
 
Por Elisa Soares e Diogo Martins/ Valor Econômico 

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