A tecnologia de ressonância magnética que permite o diagnóstico de diversos tipos de traumas e doenças também já possibilita identificar a quantidade de açúcar em uma fruta ou se um alimento, como o leite, foi adulterado. A partir da inovação, o consumidor poderá saber se uma fruta está doce ou azeda sem precisar experimentar o produto antes de levar para casa.
O equipamento foi desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Instrumentação, em São Carlos, e permite analisar de forma rápida e sem destruir ou estragar os alimentos e até mesmo identificar se sucos de frutas, leite e azeite estão adulterados.
Segundo o criador do aparelho, o bioquímico Luiz Alberto Colnago, a ressonância magnética nuclear pode ser usada em supermercados para garantir a qualidade do produto ao consumidor, da mesma forma que atualmente se utilizam balanças para verificar o peso.
“Se a gente for em um supermercado, frutas, nozes, queijos, qualquer material desses pode ser analisado. E também aqueles [alimentos] embalados em plástico ou vidro. Por exemplo, a maionese, é possível saber o teor de gordura. Em molhos de saladas também, que muitas vezes têm até 50% de gordura”, explicou Colnago.
O aparelho funciona como um sistema que mede a composição química de um alimento. Além de medir a quantidade de açúcar em uma fruta, o equipamento também pode ser ajustado para avaliar o teor de álcool no vinho ou o de gordura em sementes de amendoim ou carnes e embutidos.
“A ideia nossa é que ele seja um aparelho de uso bem geral, que se possa analisar todos os alimentos que estão à disposição do consumidor: carnes, frutas e verduras. Carne, consigo saber o teor de gordura, isso é algo que os consumidores estão sempre preocupados”, diz o pesquisador.
A limitação da tecnologia são os pacotes metálicos, latas e embalagens tetra pak, que impedem a leitura do conteúdo do alimento. A análise dos alimentos é feita de forma contínua, em um equipamento semelhante a uma esteira, o que possibilita certificar a qualidade de uma grande quantidade de produtos ao mesmo tempo.
“No leite, em embalagem tetra pak, não conseguimos que a onda de rádio penetre nessa embalagem. Mas no caso de vidro ou mesmo saquinhos plásticos, posso dizer dentro dessa embalagem o estado de fermentação do leite – se foi recém colhido, se tem um sistema de higienização não muito bom. Temos até como prever quando o leite vai estragar”.
Uma empresa argentina, parceira da Embrapa, patenteou parte da invenção do equipamento. De acordo com o pesquisador, em até dois anos a tecnologia pode estar disponível diretamente ao consumidor e, assim, evitar que produtos falsificados ou sem qualidade sejam comercializados.
“O nosso objetivo é chegar em um centro de distribuição de frutas, onde o atacadista vai poder selecionar a sua fruta pelo teor de açúcar. Quanto mais ácido ou mais doce está a fruta que ele está vendendo”, destacou Colgano.
Por Heloisa Cristaldo/ Agência Brasil