A indústria brasileira ficou menos ociosa no primeiro semestre de 2013, o que aponta a possibilidade de mais investimentos no setor. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostraram que, em média, o nível de uso da capacidade instalada (Nuci) pela indústria de transformação do país ficou em média de 82,16% de janeiro a junho, alta de aproximadamente 0,8 ponto percentual sobre igual período de 2012, quando o indicador foi de 81,35%. "Quando aumenta o grau de uso da capacidade é um estímulo para novos investimentos", disse o gerente-executivo de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
Isso porque, ao se aproximarem do limite máximo do parque industrial, as empresas vão retomando os projetos de investimento, segundo Castelo Branco. "Com o aumento da ociosidade, há menos necessidade [de ampliar o parque industrial] e os investimentos tendem a ser postergados para um período de melhor desempenho da atividade."
Dos 21 setores da indústria de transformação pesquisados pela CNI, apenas 8 tiveram queda do Nuci - o que representa aumento da ociosidade - no primeiro semestre deste ano frente igual período no ano passado. Os 13 segmentos restantes tiveram aumento na taxa, e as indústrias de vestuário registraram o maior avanço (5%), segundo dados divulgados ontem na pesquisa Indicadores Industriais referente ao mês de junho. Outro resultado positivo, na avaliação da CNI, foi a elevação de 5,3% no semestre do faturamento real em relação aos seis primeiros meses do ano passado.
No semestre, a indústria continuou apresentando "descolamento" entre o índice de faturamento e o de horas trabalhadas, que ficou praticamente estável, com alta de 0,1% na mesma comparação. Isso se explica pela venda de produtos que estavam nos estoques e pelo uso de insumos estrangeiros na cadeia produtiva, de acordo com a CNI. A partir do fim do ano passado, a indústria começou a reduzir as mercadorias estocadas a um patamar mais próximo do desejado. Além disso, se a matéria-prima de produtos manufaturados for importada, não há estímulo a indústrias de partes e peças, por exemplo, o que afeta negativamente na atividade do setor.
O emprego industrial mostrou alta de 0,5% no primeiro semestre em relação a igual período de 2012. A massa salarial e o rendimento médio na indústria subiram 1,9% e 1,4%, respectivamente, na mesma comparação, em dados deflacionados e dessazonalizados.
Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que produção da indústria cresceu em junho, ante maio, em dez dos 14 locais pesquisados. Os maiores aumentos foram registrados no Pará (5,9%), Rio Grande do Sul (3,9%), Bahia (3,1%), Santa Catarina (2,9%) e São Paulo (2,9%). (Colaborou Diogo Martins, do Rio)
Por Thiago Resende/ Valor Econômico