O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que não há risco de um ciclo de desemprego no Brasil. Ele previu que o emprego continuará crescendo, mas em ritmo menor
Apesar da alta da taxa de desemprego em junho, o ministro da Fazenda, Cuido Mantega, afirmou ontem que não há risco de um ciclo de desemprego no Brasil. Para ele, o índice medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve fechar 2013 em um dos patamares mais baixos da série histórica.
"A situação do desemprego é estável no País”, disse o ministro em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, após uma reunião com o ministro do Trabalho, Manoel Dias.
Mantega previu que o emprego continuará crescendo no País, mas admitiu que o ritmo será menor que as taxas registradas nos últimos anos. Na avaliação do ministro, qualquer número próximo a 1 milhão de novos postos de trabalho com carteira assinada é excelente. “Não dá para ofertar 1,5 milhão a 2 milhões de novas vagas, porque não teria trabalhador”, disse.
A taxa de desemprego teve a primeira alta anual desde 2009-passando de 5,9% em junho dc 2012 para 6% no mês passado. Mas Mantega classificou como alarmistas as notícias sobre o desemprego. “Acho tudo isso um equívoco. O emprego está crescendo e continuará crescendo em um ritmo menor, refletindo uma economia mais desaquecida.” Segundo ele, o aumento do desemprego em junho “foi um pontinho” numa trajetória que começou melhor do que em 2012.
Esta semana, o ministério do Trabalho revisou para baixo a previsão de criação líquida de I empregos formais no Brasil em 2013. Passou de 1,7 milhão para, no máximo, 1,4 milhão. “Não é possível manter o ritmo do emprego que tínhamos antes. Não temos mão de obra qualificada para manter esse ritmo. Daqui
para írente, será menos”, afirmou Mantega.
Ele disse que o número de novos empregos gerados no governo Dilma Rousseff, de 4,4 milhões, é superior às duas gestões do governo Fernando Henrique Cardoso. Por isso, acredita, esses dados não devem atrapalhar politicamente os planos de reeleição da presidente.
O ministro afirmou também que o governo apresentará na próxima reunião do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) voto contrário à elevação do seguro-desemprego para benefícios acima de um salário mínimo. “Não cabe mudanças, porque aumentariam os gastos e nós estamo controlando.” No entanto, lembrou que o Codefat é um órgão tripartite, que também tem a participação dos trabalhadores e empregadores.
No início da semana, o Ministério do Trabalho informou que o conselho deveria aprovar no dia 31 de julho um reajuste do benefício, com o sinal verde da Fazenda. O aumento viria com a mudança na fórmula de cálculo, que hoje é apenas a variação do INPC. A correção passaria a ser a mesmo do salário mínimo, que considera a inflação do ano anterior e o crescimento da economia de dois anos antes. Na prática, o reajuste, que era de 6,2%, passaria para 9%.
Por Renata Veríssimo/ O Estado de S. Paulo