Em um cenário de alta de juros para controlar a inflação alta, com perda de ritmo do consumo e mercado de trabalho desaquecido, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) passou a projetar desempenho mais pessimista para a economia no ano. A expectativa, agora, é de aceleração do crescimento em relação ao ano passado, mas com "frustração em relação ao esperado no fim de 2012 e no começo de 2013", disse o gerente executivo de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
Agravado o quadro econômico, tanto o nacional quanto o externo, com redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos, os últimos três meses levaram à estimativa de expansão do Produto interno Bruto (PIB) de 2% no ano. A previsão anterior, divulgada em abril, era de 3,2%.
Para a indústria, a perspectiva também piorou. O PIB do setor, na avaliação da CNI, deve crescer 1%, ante projeção de 2,6% no cenário traçado no primeiro trimestre.
Se confirmados esses resultados haverá melhora em relação a 2012, quando o PIB cresceu 0,9% e o setor industrial teve retração de 0,8% frente o ano anterior. Mas as fortes revisões das estimativas no Informe Conjuntural do segundo semestre do ano, divulgado ontem pela CNI, mostram expectativas mais baixas para 2013.
"A economia encontra dificuldade para superar o [baixo] crescimento, porque basicamente o principal motor nos últimos anos, a expansão do mercado de consumo, não se sustenta num horizonte mais longo. São necessários mais investimento e estímulos para aumento da competitividade", disse Castelo Branco. Também caiu a projeção de consumo das famílias, de 3,5%, na divulgação de abril, para 2,3% - abaixo do crescimento de 3,1% registrado no ano passado.
Apesar do desempenho menos vigoroso, a inflação "está testando os limites superiores da meta", ressaltou Castelo Branco. A CNI prevê alta de 6% no ano medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O teto da meta é de 6,5%. E a estimativa divulgada em abril era de 5,7% de aumento.
Há, com o real mais desvalorizado, um incentivo às exportações. Mas os efeitos do câmbio, no entanto, devem aparecer em seis meses, se mantido o patamar de desvalorização, vê o gerente da CNI.
O câmbio deve registrar uma média de R$ 2,10 neste ano, prevê a entidade. A expectativa anterior era de R$ 1,98 na média. Para a balança comercial, a estimativa é de superávit de US$ 9,2 bilhões, queda em relação aos US$ 11,3 bilhões esperados em abril.
Por Thiago Resende/ Valor Econômico