Fonte: Valor OnLine - 18/06/07
Desde que ergueu uma fábrica de veículos da marca japonesa Mitsubishi, nove anos atrás, em Catalão (GO), o brasileiro Eduardo Souza Ramos conseguiu lançar um novo produto fabricado no Brasil a cada dois anos ou menos. Mas em nenhum momento a decisão foi cercada de tantas dúvidas como acontece hoje em relação aos futuros lançamentos. Souza Ramos tem em mãos projetos de dois novos modelos: um para 2008 e outro para 2009. Mas a queda da competitividade da produção industrial brasileira e o temor de que a infra-estrutura do país não aguente mais crescimento deixam o empresário indeciso.
"Nunca foi tão difícil decidir", afirma. Primeiro, é preciso convencer a matriz da Mitsubishi, que não injeta recursos no Brasil, mas transfere tecnologia da marca, de que os futuros lançamentos serão aceitos pelo consumidor. Tarefa cada vez mais árdua diante da iminente chegada de competidores que nunca disputaram esse mercado. Tanto a chinesa Chery, que produzirá no Uruguai, como a indiana Mahindra & Mahindra, com projeto industrial em andamento na Zona Franca de Manaus, vão estrear na América do Sul com veículos do segmento em que a Mitsubishi atua, o de utilitários de carga leve e esportivos.
Depois Souza Ramos precisa convencer a si mesmo e ao seu sócio, Paulo Ferraz, que os próximos projetos garantirão retorno. "O custo de produção no Brasil deixou de ser competitivo." E, por último, vem a questão da infra-estrutura. A fábrica localizada em Goiás já sofre com a situação precária das estradas "que se agrava a partir do trecho de Uberaba (MG)", conta Souza Ramos. Segundo ele, o problema obriga a reforçar estoques de segurança o que eleva custos. A questão da energia também o aflige. "Uma das dificuldades nessa decisão de investimento é falta de visão sobre a energia no futuro."
Para os projetos dos dois novos veículos o grupo brasileiro terá de desembolsar R$ 300 milhões, recursos que seguem mais ou menos a média dos últimos investimentos. O total este ano chega a R$ 200 milhões e vai contemplar, além do lançamento de um modelo em outubro - outro utilitário - expansão da fábrica. E ainda: o primeiro veículo da Mitsubishi com motor bicombustível do mundo, sistema desenvolvido pelo parceiro local.
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