Com a maior alta nos preços das mercadorias manufaturadas em cerca de quatro anos, a indústria começou 2013 recuperando margem de lucro. Os custos do setor continuaram desacelerando e fecharam com expansão de 5,8% no primeiro trimestre do ano em relação a igual período de 2012. No lado da inflação dos produtos, o aumento foi de 7,6% na mesma comparação, portanto, superior ao das despesas.
Essa retomada na margem de lucro é fundamental para que as empresas industriais possam executar seus projetos de investimento, avaliou a Confederação Nacional da Indústria (CNI). "Enquanto os custos vão aumentando, a indústria tenta manter suas margens, mas isso depende muito das condições de mercado", disse gerente-executivo de pesquisa da CNI, Renato da Fonseca.
Iniciada timidamente no fim de 2012, "a tendência é que haja recomposição das margens", completou. Mas, na média, 2012 fechou com movimentos invertidos: os preços aumentaram menos que os custos.
Desde o primeiro trimestre do ano passado - quando os preços subiram 2,3% em relação ao mesmo período de 2011 - esse indicador tem apresentado aceleração, ou seja, os aumentos consecutivos têm sido maiores. Nesse ritmo, a alta dos preços dos manufaturados nacionais chegou a 7,6% - a maior desde o quarto trimestre de 2008, quando o índice foi de 12,7%.
Termômetro da competitividade do setor, o Indicador de Custos Industriais (ICI), divulgado nesta quinta-feira (6), apontou a expansão de 5,8%. O cálculo considera três variáveis: gastos com produção (mão de obra, insumos e energia), com capital de giro, e com tributos.
A redução do custo da energia elétrica e com capital puxaram para baixo o indicador. As quedas foram de 5% e de 22,5%, respectivamente. As despesas com tributos aumentaram um pouco (1%), resultado de desonerações feitas pelo governo federal. O aumento do custo tributário só ocorreu por causa da alta do ICMS.
O que mais contribuiu para o crescimento dos custos industriais no período foi a despesa com insumos, que subiu 9,9%. "Esses custos continuam subindo e aumentos reais de salário, pela própria exaustão da indústria, serão cada vez menores", explicou Fonseca. No primeiro trimestre, os gastos com mão de obra subiram 7,7% - a menor alta desde o quarto trimestre de 2010, quando o índice foi de 5,9%.
Por Thiago Resende e Daniel Rittner/ Valor Econômico