O crescimento das importações de máquinas e equipamentos pelo Brasil tem prejudicado a indústria nacional produtora desses bens, em especial a de pequeno e médio portes, na competição tanto no mercado interno quanto no externo. O volume desses importados cresce de forma acentuada há oito anos e, hoje, registra-se uma inversão na relação entre os produtos adquiridos do exterior e os fabricados pelas empresas brasileiras.
Em 2004 e 2005, 60% deles eram produzidos pelas nacionais e 40%, importados. Agora, 60% vêm de fora, e 40% são feitos aqui, com o agravante de que em torno de 15% das peças usadas na produção nacional chegam de empresas estrangeiras, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq).
A principal causa do aumento da importação desses bens e da redução de competitividade das indústrias nacionais que os fabricam, principalmente as pequenas e médias, está na valorização cambial, que facilita a compra de máquinas e equipamentos no exterior e dificulta a exportação. "Esse é o motivo horizontal da perda de competitividade dos manufaturados produzidos no Brasil", diz o diretor de Comércio Exterior da Abimaq, Klaus Curt Muller.
Além disso, destaca, também prejudicam a produção interna a estrutura dos impostos, a logística, os juros altos e os custos das matérias-primas. Para se ter ideia apenas dos efeitos do câmbio na produção e vendas dos manufaturados brasileiros, a valorização do real frente ao dólar anulou a proteção do imposto de importação (II) de 14%, segundo Muller. O maior volume de bens de capital importados vem da China. "Está difícil competir com os produtos chineses e, em menor escala, de outros países, inclusive asiáticos, que operam da mesma forma que a China", diz Muller.
A China tem uma grande produção de manufaturados. Enquanto o Brasil produz dez bens de capital, os chineses fabricam cem. Segundo a Abimaq, a produção chinesa tem custos baixos e fica mais competitiva porque naquele país os impostos são inexpressivos, os salários pequenos e as matérias-primas têm preços reduzidos. Entre os chineses há ainda a favorável integração do resíduo tributário, que é de 15%, enquanto no Brasil é de 3%. Para cada bem exportado ao valor de US$ 100, o chinês tem de volta US$ 15 e o brasileiro, US$ 3.
Os números mostram o aumento da importação de bens de capital mecânicos pelo Brasil. Em 2012, o país importou um total de US$ 30 bilhões, contra US$ 29,7 bilhões, em 2011, um aumento de 0,9%. Em 2010, o valor foi de US$ 24,9 bilhões, contra US$ 18,7 bilhões, em 2009, um crescimento de 33%. "Neste ano, o volume deverá ser acima de US$ 30 bilhões", diz Muller.
A Abimaq tem 1500 associados e representa em torno de 4.500 indústrias de bens de capital, a maioria de pequeno e médio portes. Funciona com 27 câmaras setoriais, onde estão fabricantes cujos produtos destinam-se a todos os setores industriais. O setor de bens de capital é formado por duas famílias de produtos: de máquinas e equipamentos e de informática e telecomunicações.
Por Guilherme Calderazzo/ Valor Econômico