O governo do Estado de São Paulo e a prefeitura de São José dos Campos anunciaram nesta terça-feira (28) um pacote de medidas para tentar viabilizar o
investimento da GM, de R$ 2,5 bilhões, em uma nova linha de montagem na cidade. O ponto principal do acordo contempla a instalação de um distrito industrial próximo à fábrica da GM na cidade, com incentivos fiscais aos fornecedores da montadora.
O novo distrito, segundo o diretor de Relações Institucionais da companhia, Luís Moan, vai estimular a instalação de uma rede de fornecedores, necessária para apoiar a possível produção de um novo modelo na cidade.
Para o prefeito de São José dos Campos, Carlinhos Almeida (PT), o distrito industrial será interessante para os fornecedores da GM no Brasil e do exterior, além de permitir o adensamento da cadeia produtiva do setor automotivo no município. "O novo distrito não será exclusivo para o setor de autopeças, mas ele terá prioridade."
O governo do Estado promete desburocratizar o processo de instalação de novas empresas no distrito, conforme garantiu o diretor da agência estadual Investe São Paulo, Wanius Ribeiro.
O complexo industrial de São José dos Campos, de acordo com Moan, tem a preferência para abrigar a produção do novo modelo, caso o Brasil seja escolhido para receber o investimento, que também está sendo disputado por outros dois países. A decisão da montadora será anunciada em meados de junho.
A GM afirma que a cidade tem grandes chances de receber o novo carro, pois apresenta a melhor localização estratégica da GM no mundo, com mão de obra qualificada e uma excelente logística de distribuição.
A destinação do novo investimento para o complexo de São José dos Campos, segundo o diretor da GM, representa o cumprimento de uma promessa feita para o sindicato e a prefeitura em janeiro, depois da conclusão de um acordo que decidiu manter parte da produção do modelo Classic na cidade e que também garantiu a manutenção do emprego de 750 funcionários até o fim deste ano.
Com acordo de ontem, segundo o diretor da GM, a empresa conseguiu resolver três dos quatro pilares que integram o processo de negociação para garantir que o investimento da montadora seja feito em São José dos Campos. O quarto pilar envolve a negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos, que terá nesta quarta-feira (29) a última reunião com a montadora para tratar do assunto.
"O novo investimento da GM é fundamental para garantir a competitividade do complexo industrial de São José dos Campos. Sem ele, a unidade terá problemas no futuro", afirmou Moan. A principal dificuldade da negociação com o sindicato está relacionada à definição do piso salarial. De acordo com o sindicato, a GM está propondo piso de R$ 1,2 mil para os funcionários que forem contratados a partir do acordo, com teto de R$ 1.560 e progressão de 120 meses.
Para a produção do novo veículo da GM em São José, o sindicato reivindica uma grade salarial com piso de R$ 1.890 e progressão de 84 meses para o atual teto da produção, de R$ 3.800.
A GM possui cerca de 7 mil empregados na unidade de São José. Em março, a empresa demitiu 598 funcionários, após o período de "lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho), iniciado em agosto de 2012.
O sindicato afirma ainda que a GM não descarta a demissão de outros 750 funcionários, que atualmente trabalham no setor de MVA (Montagem de Veículos Automotores), onde é produzido o modelo Classic, que deverá encerrar suas atividades em dezembro.
Por Virgínia Silveira/ Valor Econômico