As vendas da indústria de bens de capital cresceram entre março e abril pela primeira vez em cinco anos. O aumento foi de 4,2%, para R$ 6,8 bilhões, o que pode indicar o início de uma tendência de melhora no setor, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Na comparação com abril do ano passado, o aumento foi de 4,6%.
"Isso nos faz crer que há um cenário de recuperação discreta e lenta dos investimentos produtivos", afirmou assessor econômico da Abima, Mario Bernardiniq.
A expectativa da entidade é que os números referentes a maio confirmem a melhora no setor produtivo e, com isso, o aumento das vendas de máquinas e equipamentos. No entanto, um avanço mais robusto é esperado apenas em um prazo mais longo, diz a Abimaq. Segundo Bernardini, os investimentos no setor de óleo e gás, decorrentes dos novos leilões da Agência Nacional do Petróleo (ANP), por exemplo, devem puxar as vendas apenas a partir de 2014.
Neste ano, além de esperar crescimento gradual das vendas de máquinas e equipamentos no país, a Abimaq acredita que haverá queda da participação da produção nacional no faturamento do setor. Atualmente, os produtos feitos internamente correspondem por 19% da receita líquida total. "Vamos crescer, mas vamos continuar a perder "market share" [participação de mercado] para os importados", afirmou. A China, que possui preços mais competitivos, segundo a entidade, elevou sua participação nas importações de 8,2% em 2007 para 16,8%, este ano.
Segundo a Abimaq, é possível que a Câmara de Comércio Exterior (Camex) inclua algumas categorias de máquinas e equipamentos em sua nova lista de produtos importados com alíquota de importação elevada. Caso seja mantida a mesma proporção observada na relação anterior, pode-se esperar que entre 10 e 15 categorias de produtos (NCMs) de máquinas e equipamentos sejam inseridas.
No acumulado de janeiro a abril, as importações somaram R$ 10,6 bilhões, 6,2% acima do acumulado de 2012. Já as exportações totalizaram US$ 3,4 bilhões, queda de 18,5% na mesma comparação. Com isso, o saldo é um déficit de US$ 7,2 bilhões de janeiro a abril, alta de 24,4%. No mesmo período, o faturamento bruto da indústria de bens de capital no Brasil foi de R$ 23,8 bilhões, queda de 8,2% em relação ao mesmo período de 2012.
Por Olivia Alonso/ Valor Econômico