Apesar de a economia brasileira continuar patinando, os executivos da Rhein Chemie estão animados. A subsidiária da Lanxess, gigante da indústria química com 14 unidades de negócio no País, inaugurou na segunda-feira (13), uma nova linha de produção na sua fábrica de Porto Feliz, interior de São Paulo, para fazer bladders de alta performance Rhenoshape, a base para a fabricação de pneus. A nova instalação, que ocupa 2,5 mil metros quadrados, terá capacidade para produzir 170 mil bladders por ano, parte dos quais poderão ser exportados para países como China e Estados Unidos.
Por enquanto, a nova unidade brasileira está produzindo bladders apenas para pneus de veículos de passeio. Se houver demanda no futuro, a linha poderá ser ampliada para atender aos fabricantes de pneus para veículos pesados.
Com investimento total R$ 25 milhões, além da fábrica de bladders, a unidade também receberá, em breve, uma linha de produção dos chamados plásticos leves avançados, feitos para eliminar, cada vez mais, o uso de metais nos veículos. Com esse incremento, a cidade de Porto Feliz está se transformando num importante polo para a produção de especialidades químicas, que irá atender ao Brasil e à América Latina. Cerca de 60 novos empregos terão sido gerados quando ambas as operações estiverem em funcionamento.
Bladder
Feito de borracha, em boa parte artesanalmente, o bladder é utilizado por outras empresas na produção de pneus. É aí que reside o ânimo dos executivos. “Mais e mais fabricantes de pneus terceirizam a produção de bladders, o que nos dá ótimas perspectivas”, declarou Anno Borkowsky, CEO da Rhein Chemie Rheinau, divisão da Lanxess que fabrica essa linha de produtos.
Sem concorrentes, a empresa tem tudo para dominar cada vez mais esse mercado, já que, na visão de seus executivos, é forte a tendência de parceiros como Pirelli, Michelin, Bridgestone e outros se concentrarem apenas na produção de pneus, deixando os bladders para fornecedores.
Dessa forma, a operação serve para aumentar a parcela brasileira nos resultados da companhia. Responsável por menos de 1% das vendas da empresa em 2005, hoje o Brasil representa cerca de 10% do faturamento mundial da Lanxess. Além disso, a Rhein Chemie faturou R$ 250 milhões nas Américas em 2012, resultado 22% superior ao obtido no ano anterior.
“Desenvolvemos um pneu conceito que alcança o conceito A nas rigorosas categorias de classificação de eficiência na Europa. No Brasil, com o Inovar Auto, a frota deverá oferecer eficiência energética 12% superior à que temos hoje. Só os pneus ‘verdes’, com menor resistência ao rolamento sem prejuízo da segurança, podem garantir consumo de combustível até 7% menor. Em breve, esse tipo de pneu será o padrão mundial”, explica Axel Heitmann, chairman do conselho de administração da Lanxess AG.
Segundo Borkowsky, os bladders que passam a ser produzidos em Porto Feliz são utilizados na produção de um número três vezes maior de pneus que os similares feitos pelas próprias fábricas de pneus. “Nossos bladders possuem espessura e condutividade térmica uniformes, características imprescindíveis para a produção de pneus ‘verdes’ realmente equilibrados e eficientes”, diz o CEO.
Acreditando no crescimento anual de 6% dos mercados automotivo e de pneus até o fim da década, a Lanxess também investiu na ampliação de 30% da capacidade da unidade de Cabo de Santo Agostinho (PE) e na conversão da produção de Triunfo (RS), que passou a fabricar borracha de estireno-butadieno em solução, usada em compostos de banda de rodagem de pneus “verdes”.
Além do Brasil, outros membros dos BRICS também estão na mira da Lanxess. “No ano passado, abrimos uma nova unidade de produção na Índia. Abriremos nossa primeira fábrica na Rússia e estamos investindo na expansão de nossa capacidade de produção na China”, comenta Borkowsky.
Por Igor Thomaz/ Automotive Business