SKF investe R$ 5 milhões para desenvolver rolamentos no Brasil

Para atender o Inovar-Auto, duas fabricantes de veículos instaladas no País vão adquiri-los.

A SKF do Brasil informou por meio de comunicado na segunda-feira (22), que acaba de investir aproximadamente R$ 5 milhões para desenvolver dois rolamentos de roda de segunda geração. Os componentes abastecerão em breve a linha de produção de duas fabricantes de veículos instaladas no País. 

As primeiras peças serão fabricadas ainda no final do primeiro semestre deste ano no complexo industrial da SKF de Cajamar (SP) para equipar veículos de passageiros e comerciais leves. Os rolamentos deverão contribuir para as montadoras se adequarem às exigências do Inovar-Auto, o novo regime automotivo, em vigor de 2013 a 2017, que incentiva o uso de peças feitas no Brasil. 
 
A previsão da companhia é atingir a marca de 600 mil rolamentos para as duas linhas no primeiro ano de produção e 1 milhão de peças a partir do segundo ano. 
 
“Trata-se de um momento histórico para a companhia. A inovação já está na pauta diária da SKF e certamente continuaremos surpreendendo o mercado e ajudando a indústria automotiva nacional a ser mais forte e competitiva”, declara o gerente de engenharia de aplicação da SKF do Brasil, Fabrício Teixeira. 
 
Diferenciais
 
O projeto dos dois rolamentos, segundo a SKF, levou dois anos para ser concluído. Foram necessárias diversas etapas, desde a definição do escopo do trabalho, cálculos dimensionais e desenhos, produção de protótipos, testes de bancada em laboratórios da SKF dos EUA e Alemanha, a adaptação de canal de produção no Brasil. 
 
A SKF assegura que os novos componentes ajudarão os carros a se enquadrarem nos requisitos do Inovar-Auto por serem mais leves, resistentes, gerarem menos atrito e possuírem vida útil mais longa em relação aos disponíveis no mercado brasileiro. 
 
“Conseguimos aumentar em 30% a vida útil desse conjunto. Outro ganho foi com o peso, reduzido em cerca de 9%. A utilização de simulações numéricas foi fundamental para alcançar essas melhorias, impactando positivamente na redução do consumo de combustível e emissão de CO2 dos veículos”, aponta o gerente Teixeira. 
 
Os rolamentos têm sistema ABS integrado, um item que torna os veículos mais seguros e que será obrigatório em todos os carros produzidos a partir de 2014. 
 
“O compromisso de nossos clientes com o programa Inovar-Auto é o grande responsável pelo aprimoramento técnico de nossa engenharia local e o impulsionador da transferência de novas tecnologias ao Brasil”, complementa o executivo. 
 
Comitê 
 
A aposta da SKF no aumento da demanda de componentes nacionais a fez criar no final de 2012 um comitê exclusivo para avaliar novas ideais e projetos. “Essa área possibilitará o incentivo à inovação. Vamos assumir definitivamente a vanguarda pelo novo, pela descoberta. O Brasil vive um momento importante e precisamos acompanhar o desenvolvimento de perto, ficarmos mais próximos de nossos clientes e demais parceiros. É o momento ideal para assumirmos esse compromisso com todos stakeholders”, declara Hilário Sinkoc, coordenador do comitê local. 
 
Em dezembro último, a SKF apresentou ao Governo Federal uma relação de projetos desenvolvidos pela subsidiária brasileira para buscar o reconhecimento da inovação por meio de patente. “Registrar nossas soluções será o primeiro passo do reconhecimento oficial. O próximo objetivo será disseminar a cultura em toda a organização”, projeta Sinkoc. 
 
No momento, a companhia estrutura a nova divisão. Uma consultoria envolvida nessa primeira fase tem ajudado a SKF a mapear todos seus processos e a identificar possíveis negócios para a companhia. “Já identificamos produtos e serviços desenvolvidos pelo nosso time local com potencial de inovação”, antecipa o coordenador. 
 
A SKF também buscará parcerias com universidades, pesquisadores autônomos, grupos de trabalho, associações e instituições autônomas para ampliar o acesso à pesquisa no País. 
 
Com a inauguração do comitê, o Brasil passa a ser o primeiro da América Latina a abrigar uma divisão estruturada em inovação. Além do Brasil, há na Europa, Estados Unidos e Ásia iniciativas semelhantes. Na Itália, por exemplo, o centro é dedicado à pesquisa de novos rolamentos de roda. Na Alemanha há pesquisas para futuros rolamentos de câmbio e na França estão concentrados estudos de rolamentos de motor e suspensão. 
 
O grupo concentra seus projetos globais de P&D na Holanda e investe anualmente cerca de 1,5% de seu faturamento global em pesquisa e desenvolvimento. “O desafio agora é desenvolvermos localmente novas soluções também para aplicações em câmbio, embreagem e suspensão”, aponta o gerente de engenharia Fabrício Teixeira.