A regulamentação do novo regime automotivo ainda não saiu, mas os grandes sistemistas presentes no Brasil já preparam investimentos para atender as demandas das montadoras instaladas aqui. A maior parte dos recursos será aplicada em desenvolvimento e inovação, principalmente na área de motores e transmissão (powertrain). Delphi, Sabó, Borgwarner e Honeywell, vão investir no país cerca de R$ 200 milhões nos próximos quatro anos.
“Como as regras ainda não foram publicadas, estamos aguardando. Mas, seguramente será um valor superior ao que investimos anualmente no país”, disse o presidente da Delphi para a América do Sul, Luiz Corralho. Segundo ele, por ano a companhia aplica na unidade brasileira US$ 40 milhões. Entretanto, as novas demandas das montadoras, que com as novas regras vão desenvolver carros mais eficientes e menos poluentes, vão ampliar esses aportes no país.
“Hoje, há várias tecnologias em desenvolvimento conjunto com as montadoras. Como por exemplo, o sistema de ignição a frio que dispensa o “tanquinho” nos motores flex”, diz. Além disso, a companhia desenvolveu um sistema de compressores para ar condicionado que diminuiu a força do motor quando o equipamento é acionado.
Dessa forma, se gasta menos combustível no uso do ar-condicionado. “Isso foi criado para carros de entrada. É um sistema que começará a ser produzido aqui no Brasil no final do ano e equipará um novo modelo compacto que será lançado no mercado em 2014”, disse o executivo. Sistemas de ar-condicionado já equipam 75% dos automóveis zero quilômetro, isso há 10 anos representava somente 50% dos equipamentos fora de série. “Este ano deverá chegar a 85% dos carros novos.”
Dentro da Delphi, hoje o Brasil representa 10% dos negócios da companhia. No ano passado, a companhia teve um faturamento mundial de US$ 15 bilhões, sendo que o Brasil representou US$ 1,5 bilhão. “O InovarAuto é uma oportunidade para todos os sistemistas no país. O governo tem que definir as regras de nacionalização e tem que abranger toda a cadeia produtiva. Esse é o grande desafio agora”, disse Corralho.
A brasileira Sabó também vê no novo regime automotivo uma oportunidade de crescimento no país. A empresa investirá US$ 10 milhões, nos próximos quatro anos, em desenvolvimento de produto e em capacidade de produção.
“Focamos em produtos de alto valor agregado para conseguirmos reverter o prejuízo com a crise econômica em 2008/2009. Com isso, nós, que exportávamos grande parte de nossa produção para os EUA e Europa, vimos nossos volumes caírem. A saída foi justamente investir em desenvolvimento de produtos com maior valor agregado”, disse o diretor geral da Sabó para as Américas, Lourenço Agnello Oricchio Junior.
A Sabó, segundo Oricchio, está desenvolvendo nos Estados Unidos, em conjunto com a
Ford e General Motors, uma transmissão de 9 e 10 velocidades que deve chegar ao mercado brasileiro em três anos. “No projeto do UP!, da Volkswagen, nós trabalhamos em conjunto com a montadora na Alemanha durante três anos. Desenvolvemos juntos um novo motor que vai equipar o compacto”, disse o executivo. A Sabó espera faturar este ano US$ 400 milhões no mundo, sendo US$ 220 mil no Brasil.
Motores menores
Com a perspectiva do aumento de turbocompressores em motores menores, a Honeywell investirá US$ 10 milhões no aumento de sua capacidade em sua fábrica no país. O diretor para negócios de engenharia da companhia, Christiam Streck, disse que a empresa vai saltar de 300 mil unidades por ano para 800 mil anuais até 2017.
“É uma tendência o uso de turbos em carros maiores. Pelas nossas contas, a demanda em 2018 será de 1 milhão de unidades por ano, para um mercado de 4,5 milhões a 5 milhões de veículos. É um potencial que estamos de olho”, disse Streck.
Já a concorrente Borgwarner vai investir US$ 35 milhões em uma nova fábrica aqui no Brasil. Nessa nova unidade, a empresa vai ter uma capacidade para produção de 500 mil turbos, mas esse dedicado somente para automóveis. Hoje, a companhia já mantém uma fábrica em Campinas que destina sua produção para veículos comerciais.
Por Ana Paula Machado/ Brasil Econômico