Taxas futuras sobem e indicam Selic a 7,75%

Taxas futuras sobem e indicam Selic a 7,75%

 

Os juros negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam em alta ontem (16), dia em que o Banco Central iniciou o encontro de dois dias do Comitê de Política Monetária (Copom). Com as posições assumidas, o mercado manteve como predominante a aposta na elevação de 0,50 ponto percentual na taxa básica Selic, o que a levaria para 7,75% anuais.
 
As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) curtos projetam um horizonte em que a taxa Selic passaria por três movimentos de alta, de meio ponto percentual cada.
 
Mas se a crença na alta da Selic é quase unânime, ainda permanece uma certa divisão sobre a intensidade desse primeiro ajuste nos juros. Há um grupo que enxerga uma chance maior de o BC optar pela cautela e iniciar o ciclo com um aumento de 0,25 ponto, levando a Selic a 7,50%.
 
Dois eventos ontem colaboraram para essa tese. A divulgação do IGP-10, que teve desaceleração para 0,18% em abril ante 0,22% em março. E declarações da presidente Dilma Rousseff, que afirmou em Belo Horizonte que "qualquer necessidade de combate à inflação será possível fazer num patamar bem menor".
 
Em dia volátil, o dólar caiu 0,30%, a R$ 1,991, após superar os R$ 2 durante o pregão pela primeira vez desde o dia 5. Apesar da apreensão de investidores com os ataques de segunda-feira (15) em Boston, a expectativa por um aumento de juros hoje prevaleceu, puxando a queda da moeda ante o real.
 
A virada de baixa para alta do dólar no início da tarde de ontem (16) refletiu a sensibilidade que ainda permeava os mercados um dia após a explosão de três bombas em Boston, que deixaram três mortos e mais de 100 feridos. A moeda passou a subir ante o real, superando R$ 2, minutos após a notícia de que o terminal central do aeroporto La Guardia, em Nova York, foi fechado por suspeita de bomba. O terminal foi reaberto após confirmação de que havia se tratado de um alarme falso, dando espaço para que o dólar voltasse a cair.
 
"O mercado saiu tomando dólares rapidamente depois dessa notícia", disse um profissional.
 
Ainda assim, a tendência predominante, passado o susto com o novo alerta de segurança, voltou mesmo a ser de baixa, com o mercado à espera de um aumento na Selic hoje (17). Um aperto monetário mais forte ou duradouro reforça expectativas de mais entradas de capitais, com potencial para desvalorizar o dólar.
 
"Vai haver alta de juros, talvez o ciclo seja até mais demorado", disse um gestor. "O aumento do diferencial entre os juros aqui e lá fora já é suficiente para o mercado prever que o caminho do dólar é de queda."
 
Por João José Oliveira, Lucinda Pinto, José Sergio Osse e José de Castro/ Valor Econômico

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