A sugestão apresentada pela Petrobras que levaria à adoção de uma flexibilidade no nível de conteúdo nacional para as contratações de máquinas, equipamentos e serviços no setor de petróleo e gás foi feita como uma alternativa a alguns segmentos da indústria apenas. A estatal havia apresentado a demanda à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) por meio da audiência pública realizada para debater as características das próximas rodadas de licitação que ocorrem a partir deste ano no Brasil.
De acordo com a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, essa sugestão não trata de reduzir o conteúdo mínimo de contratações que devem ser feitas no País. Ela explicou que a sugestão se deve a dificuldades encontradas em um pequeno número de projetos que não podem ser atendidos pela indústria nacional. A executiva afirmou que a empresa vem apresentando níveis de conteúdo local acima do contratado com a ANP.
"Temos projetos em que mesmo com a não-obrigatoriedade de apresentar contratação de conteúdo local temos índices que chegam a 50% em projetos que já estão em curso ou em desenvolvimento. Isso demonstra que a indústria local desempenha adequadamente", analisou Graça Foster, em coletiva sobre o Plano de Negócios e Gestão de 2013 a 2017, revelado na semana passada e que terá aportes de US$ 236,7 bilhões no período. "Ninguém faz um contrato se não houver um ganho ou alguma vantagem econômica, e se os contratos são feitos no Brasil é porque as empresas locais atendem as demandas do setor", acrescentou a presidente.
Graça Foster disse que esse nível de contratação acima do compromissado com a agência reguladora tem como base o trabalho que a estatal faz quanto a comparações de competitividade da indústria nacional com a estrangeira, seja o equipamento afretado, seja próprio da empresa. Por isso ela disse que defende as contratações feitas no mercado nacional quando lhe perguntaram se os preços no Brasil seriam tradicionalmente mais elevados do que os encontrados em outras regiões do mundo. "O preço no Brasil não é maior", defendeu.
Nesse sentido, a empresa acena com a contratação de mais 15 sondas até 2017 para atender ao plano de produção, tendo como horizonte o ano de 2020, quando a empresa pretende entregar uma produção de 4,2 milhões de barris de petróleo por dia (bpd).
De acordo com o diretor de exploração e produção da Petrobras, José Formigli, a empresa já conta com 24 unidades: 17 próprias e sete afretadas. Esse bloco de unidades de exploração ganhou, horas depois, o reforço de duas unidades, com o anúncio oficial de que a empresa e seus parceiros no Bloco BM-S-11, BG e Petrogal, estão em negociação para a contratação junto ao consórcio Queiroz Galvão Óleo e Gás (QGOG) e SBM Offshore de dois navios-plataforma (FPSOs) para utilização no desenvolvimento da produção das áreas de Lula Alto e Lula Central, no Campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos. Os projetos contemplam a interligação das unidades a 18 poços em cada área, sendo 10 produtores e oito injetores. O início da produção está previsto para janeiro de 2016 para Lula Alto e março de 2016 para Lula Central.
Cada plataforma terá capacidade de processamento de 150 mil bpd e de 6 milhões de m³ por dia de gás natural.
Prioridades
A presidente da estatal reafirmou que o compromisso da empresa é com o aumento da produção de petróleo no Brasil, mas com os seguidos aumentos da demanda de combustíveis, que estão em 4% ao ano e prejudicam o resultado da companhia na área de abastecimento, a Petrobras vê a entrada em produção da Refinaria do Nordeste, em Abreu e Lima (RNest) em novembro de 2014, um alívio na questão do atendimento do mercado interno, ainda mais porque o maior problema é o fornecimento de diesel, que é a prioridade da primeira refinaria de petróleo a ser inaugurada no Brasil desde o ano de 1980.
O plano de longo prazo da estatal aponta para uma produção de derivados no Brasil de 3 milhões de barris diários (bbl/dia) ante os atuais 2 milhões que a empresa produz atualmente.
De acordo com a curva de produção, até 2016 o País poderá ter 2,4 milhões de bbl/dia com a refinaria do Nordeste e o primeiro Trem do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e ao final da década a Petrobras prevê as duas refinarias Premium, uma no Ceará e outra no Maranhão, além do segundo Trem do Comperj. Mas, de acordo com o diretor-financeiro e de relações com investidores da empresa, Almir Barbassa, com a primeira fase da Abreu e Lima e o aumento da produção de petróleo a Petrobras terá a melhoria das condições financeiras e da financiabilidade do plano de investimentos.
Graça Foster afirmou ainda que o fato das refinarias premium ainda estarem em análise não significa que sairão do escopo da empresa, essas unidades estão em fase de melhoria de projeto e de análise de sua rentabilidade e viabilidade econômica.