Duas empresas brasileiras do setor automotivo, uma de autopeças e outra de artefatos de borracha foram vendidas para multinacionais nesta semana. Ontem (13), o grupo americano Dayco anunciou a compra da Nytron, fabricante de tensionadores com duas unidades em Itapira (SP), por valor não revelado. A japonesa Toyo Tires deve pagar US$ 15,5 milhões pela Produflex, com fábricas em São Paulo e Minas Gerais.
A venda da Produflex foi divulgada pelo jornal japonês Nikkei, mas ainda não foi confirmada no Brasil. A empresa brasileira emprega 430 funcionários e fornece componentes de borracha para várias montadoras, especialmente a Fiat. A Toyo é uma das maiores produtoras de pneus no mundo e tem quatro fábricas na América do Sul.
Fundada há 20 anos por um grupo familiar, a Nytron é líder nacional do mercado de reposição de tensionadores, item que compõe o sistema do motor dos automóveis. Com a compra, a Dayco, que também lidera no País as vendas de correias automotivas, passa a ser a maior fornecedora desses dois itens no mercado de reposição.
"Nosso objetivo é fazer da Nytron também uma grande exportadora para a América do Sul e Europa", diz o vice-presidente da Dayco, Ronaldo Teffeha. A Dayco tem duas fábricas no Brasil (em São Paulo e Minas Gerais) e uma na Argentina e exporta 20% de sua produção para a América do Sul, Europa e China.
Segundo Teffeha, as aquisições no Brasil "não param por aí". O grupo que espera faturar US$ 150 milhões neste ano (7% mais que em 2012) avalia novas aquisições, mas ele não revela detalhes.
O presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos (Sindipeças), Paulo Butori, afirma que há um novo movimento de desnacionalização de empresas no setor, em razão das dificuldades financeiras que muitas enfrentam.
"Com as crises na Europa, EUA e Japão, muitas multinacionais se voltaram para o Brasil e acabam adquirindo companhias locais", diz Butori. Em 1994, as empresas nacionais respondiam por 52,% do faturamento total do setor de autopeças, participação que em 2011 caiu para 30%.
Por Cleide Silva/ O Estado de S. Paulo