Metais despencam com dúvida sobre demanda chinesa

Metais despencam com dúvida sobre demanda chinesa

 

Os metais não ferrosos devolveram em fevereiro os ganhos de janeiro, pressionados principalmente por incertezas em relação à demanda chinesa e pelo enfraquecimento do euro. Para analistas, os bons tempos acabaram e as valorizações mais fortes observadas nos últimos meses darão lugar a uma acomodação dos preços.
 
"Os ganhos até a primeira metade de fevereiro davam continuidade às altas que vimos desde setembro, com a redução de riscos em todo o mundo e uma perspectiva melhor em relação à economia chinesa," diz Artur Manoel Passos, economista do Itaú Unibanco.
 
Depois de uma arrancada no início do mês, os metais inverteram suas trajetórias na segunda quinzena. A queda mais expressiva do mês foi do níquel, de 9,45%. A baixa mais tênue foi do zinco, de 3,8%, único que se mantém em alta no ano, de 0,8%. O cobre caiu 4,4%, o alumínio perdeu 5%, o estanho perdeu 6,2% e o chumbo, 6%.
 
O que mais pesou nas decisões dos investidores em fevereiro foi a declaração do governo chinês de que tomará medidas para desacelerar o mercado imobiliário do país. Ainda que analistas considerem que as ações serão pontuais, o mercado reagiu fortemente, já que a China é a maior consumidora global de metais, com cerca de 40% das compras mundiais.
 
Além disso, o câmbio não favoreceu as commodities metálicas. "O euro vinha subindo em relação ao dólar, mas essa trajetória mudou em fevereiro," afirma Bruno Rezende, analista de metais da Tendências Consultoria. Como são negociados em dólares, os metais ficam menos atrativos para investidores que detêm outras moedas quando a divisa americana ganha valor.
 
O níquel, que liderou as perdas em fevereiro, teve seu preço pressionado também pelas perspectivas de aumento da oferta nos próximos dois anos. A equipe de análise da RBC Capital Markets, liderada pelo analista Fraser Phillips, espera alta de 6,1% na capacidade de produção global do metal neste ano.
 
"O crescimento em 2013 e 2014 deve-se ao início ou aumento de produções de grandes projetos, incluindo Vale Nova Caledônia, Koniambo, Ambatovy e Onça Puma," diz em relatório. Onça Puma terá sua produção retomada no terceiro trimestre, disse a Vale, assim que a reconstrução de um forno for finalizada. Além disso, o ferro-gusa de níquel, que é um substituto mais barato do metal, está ganhando espaço no mercado, comentam em relatório analistas do Morgan Stanley.
 
Entre os metais apontados recentemente por analistas como os mais promissores para o ano estão o alumínio, o zinco e o cobre. O aumento da demanda do setor automotivo, em países desenvolvidos, pode ajudar a puxar os preços do alumínio. Além disso, espera-se um aumento moderado da oferta, diz Rezende. Já o zinco deve ser puxado pela maior consumo para ligas de aço, usadas em projetos de infraestrutura e urbanização em diversos mercados, diz Peter Buchanan, da CIBC World Makets, em relatório. Já o cobre pode ter sua cotação favorecida por um ciclo de formação de estoques na China e pelo aquecimento dos setores de consumo nos Estados Unidos.
 
Por Olivia Alonso/ Valor Econômico 
 

 


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