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Seu ambiente e as metodologias que nele ocorrem auxiliam empresas no desenvolvimento dos colaboradores de forma padronizada, focada e prática
A palavra “dojo” é de origem japonesa e significa "local do caminho". Originalmente, significa o local onde se pratica artes marciais. Mais recente, esse termo passou a ser utilizado no mundo das empresas. No ambiente industrial, por exemplo, dojo é um local pensado e preparado para reunir líderes e liderados para que, juntos, por meio de processos de aprendizagem ativa, desenvolvam comportamentos, conhecimentos e habilidades em conceitos, ferramentas e operações necessárias para executar e melhorar a gestão e a performance da organização.
Nesse contexto, estruturar e utilizar um dojo numa indústria pode ser algo extremamente estratégico. Os ganhos são inúmeros. Em uma de nossas implementações recentes de dojo, novos colaboradores de uma empresa que passaram pelo espaço reduziram em 25% o número de acidentes. Noutro caso, foi comprovado que funcionários recém-contratos desenvolvidos no dojo tornaram-se 20% mais produtivos do que novos funcionários que não passaram pelo ambiente. Em outro exemplo, funcionários que fizeram treinamentos “tradicionais” de qualidade e segurança obtiveram em torno de 60% de acertos em testes de conhecimento realizados. Já os desenvolvidos no dojo tiveram 97% de acertos.
Para se implementar um bom dojo, é preciso um passo a passo básico. A primeira coisa a ser feita é alinhar a estratégia da empresa com o dojo. Ou seja, quais problemas precisamos resolver com as atividades realizadas nele? Como o dojo pode ajudar nisso?
A segunda seria escolher o local e estruturar o ambiente físico, que precisam ser adequados para favorecer o aprendizado ativo. A terceira etapa seria desenvolver os conteúdos que serão usados no ambiente. Pode se utilizar, por exemplo, as Folhas de Estudos de Processo (FEP) e as Folhas de Estudo de Conceitos (FEC).
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Além disso, é necessário formar os instrutores do dojo. Essa capacitação é baseada nos conceitos de Training Within Industry (TWI), pilar Job Instruction (JI), que é uma típica capacitação para indústrias e que foi desenvolvida no início da década de 40 nos EUA e é usada até hoje.
Também é preciso desenvolver conteúdos, dinâmicas e como tudo isso será usado no dojo. A experiência mostra que a criação de turmas experimentais para avaliar, validar e corrigir possíveis falhas é uma excelente prática, pois segue a mentalidade lean: experimente, aprenda e melhore.
Para que o sucesso do ambiente dojo seja alcançado, é essencial monitorar constantemente o progresso e os resultados obtidos. Isso pode ser realizado através de feedbacks regulares, tanto dos participantes, quanto dos instrutores, promovendo uma cultura de melhoria contínua.
Dojo é um ambiente pensado para a aprendizagem ativa. Tudo nele é planejado para gerar isso, desde o layout até os conteúdos e dinâmicas utilizadas. O uso do dojo no meio organizacional se baseia em três teorias.
Primeiro, o Behaviorismo, que é focado em condicionar o comportamento através do exemplo e observação. Também o Construtivismo, que insere o aprendiz como protagonista do aprendizado através da aprendizagem ativa. E o Cognitivismo, que considera a força dos mecanismos de aprendizagem do cérebro humano ao se utilizar os cinco sentidos e permitindo experiências sensoriais.
Além disso, a empresa deve estar aberta a inovações e adaptações, conforme surjam novas metodologias de ensino e ferramentas no mercado. Incorporar tecnologias, como plataformas de aprendizagem online e simuladores, pode enriquecer ainda mais a experiência de aprendizagem e torná-la mais envolvente.
É importante lembrar que duas das principais queixas mais atuais em todas os setores da indústria é a falta de mão de obra e a dificuldade ou morosidade em se capacitar as pessoas, ou seja, deixá-las aptas a exercer a função. O dojo ajuda nessas duas tarefas. Seu ambiente e as metodologias que nele ocorrem auxiliam empresas no desenvolvimento dos colaboradores de forma padronizada, focada e prática. A consequência disso é a redução do tempo necessário para a capacitação e um aumento da aderência das práticas de trabalho, de acordo com as normas e padrões da companhia.
O que não podemos deixar de lembrar é que a realidade varia de acordo com a percepção individual, e essa percepção é influenciada pelo treinamento recebido. Portanto, se uma empresa oferece um ambiente favorável à capacitação profissional e utiliza uma metodologia de aprendizagem ativa, permitindo o aprendizado prático, ela pode alcançar resultados significativos em termos de qualidade, custos, desempenho e conformidade com os padrões da companhia.
Essas são as essências do dojo.
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Iris Cristina Pierini Bonfanti e Nilson Rodrigues da Silva
Iris Cristina Pierini Bonfanti é head para Indústrias de Processos do Lean Institute Brasil (LIB), e Nilson Rodrigues da Silva é gerente de Projetos do LIB.
Conceitos, práticas e a jornada lean sob a ótica dos heads do Lean Institute Brasil especializados no setor industrial
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