por Todd Tuthill    |   26/08/2024

Há mais investimento na indústria aeroespacial e de defesa do que trabalhadores

Pesquisa da Siemens com a Aviation Week mostra que dois terços das empresas esperam enfrentar problemas de força de trabalho nos próximos anos

Há mais investimento na indústria aeroespacial e de defesa do que pessoas para usá-la nos próximos cinco anos. Bilhões de dólares estão sendo injetados em todos os setores, do comercial, de defesa até o espacial, em um nível que não era visto há décadas. No entanto, a força de trabalho envelhecida e as saídas de talentos do setor estão deixando as empresas sem funcionários para realizar novos programas.

De acordo com um estudo sobre força de trabalho da PwC/AIA de maio de 2023, “mais de 29% da força de trabalho do setor tem mais de 55 anos, criando ondas de aposentadoria que devem durar de 10 a 20 anos no futuro”. Todo o conhecimento e experiência desses engenheiros que irão se aposentar sairá pela porta com eles.

Em particular, as empresas menores estão tendo dificuldade para encontrar substitutos. Os OEMs (fabricantes originais de equipamentos) e os maiores fornecedores de Nível 1 têm os recursos e as capacidades para atrair mais trabalhadores, retirando-os de empresas em posições mais baixas na cadeia de suprimentos.

Todos esses fatores formam uma previsão bastante sombria para o futuro da indústria aeroespacial. Uma pesquisa feita pela Siemens em parceria com a Aviation Week mostra que dois terços das empresas pesquisadas esperam enfrentar problemas de força de trabalho nos próximos três a cinco anos. Além disso, uma em cada cinco empresas não participa de novas licitações porque não tem funcionários suficientes para novos programas. Com isso, 25% das empresas pesquisadas esperam perder receita no próximo ano.

O setor de A&D está certo em tentar atrair mais trabalhadores para preencher os cargos disponíveis, mas esse esforço por si só não será suficiente. O número de alunos graduados em carreiras STEM (sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática) não está acompanhando a necessidade de novos talentos aeroespaciais, e a busca por este perfil de talentos está muito mais competitiva do que há 10 a 20 anos. Se as empresas aeroespaciais quiserem evitar as consequências dessa escassez de força de trabalho, elas devem adotar a transformação digital para multiplicar o impacto da equipe atual.

Multiplicando o impacto com a transformação digital

A transformação digital não é desconhecida para o setor de A&D. As empresas vêm implementando-a de várias formas nas últimas duas décadas. No entanto, a velocidade e a escala dessa transformação atualmente não são suficientes para combater efetivamente os problemas de força de trabalho do setor. Para ajudar as empresas a avaliarem em que estágio elas estão em suas jornadas de transformação, desenvolvemos uma estrutura de cinco etapas de maturidade.


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Grande parte do setor já está nas duas primeiras etapas, de configuração e conexão. A configuração é a transição inicial de fluxos de trabalho baseados em documentos para fluxos de trabalho baseados em modelos, incluindo o ato de criar, alterar e arquivar todos os dados relacionados a um produto em um espaço seguro para reutilização posterior no ciclo de vida do produto. A etapa de conexão é como uma ponte entre esses dados dos domínios de engenharia, melhorando a rastreabilidade e permitindo o fluxo de dados do produto entre domínios, ferramentas e bancos de dados.

Muitas empresas veem a conexão como o objetivo de suas jornadas de transformação digital. Mas as empresas podem e devem ir além, utilizando o potencial máximo da maturidade da transformação digital para otimizar e ampliar seus processos de trabalho.

Ao investir na terceira etapa, de automação, as empresas podem delegar as tarefas dispendiosas e tediosas que afastam os engenheiros do trabalho de maior impacto, começando com as tarefas simples antes de automatizar as mais complexas. Isso permitirá a próxima etapa de projeto generativo, que utiliza inteligência artificial para gerar automaticamente artefatos de projeto com base nos parâmetros desejados, começando com componentes aeroespaciais individuais. Por fim, a otimização em circuito fechado pode avaliar automaticamente esses artefatos de projeto, lançando o processo de projeto generativo para centenas de iterações com o objetivo de criar o projeto ideal.

A maturidade da transformação digital pode compensar os efeitos da escassez de força de trabalho do setor de A&D ao transformar a maneira como o trabalho é realizado na indústria. Isso não apenas multiplicará o impacto dos engenheiros atuais, como também criará um novo ambiente de trabalho de ponta que pode atrair a próxima geração de engenheiros aeroespaciais. Ao aprimorar seus processos e ferramentas com as etapas de configuração, conexão, automação, projeto generativo e otimização em circuito fechado, as empresas de A&D podem encontrar novas maneiras de decolar e realizar todas as coisas interessantes que planejaram para o futuro.

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

Todd Tuthill

Vice-presidente de estratégias para o setor aeroespacial e de defesa da Siemens Digital Industries Software