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Eduardo Simeone | 25/07/2023
Notícias
Investir em práticas que corroborem para uma agenda mais sustentável e a princípios atrelados a transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa são compromissos cada vez mais inerentes para o bom desempenho das companhias. Neste sentido, aderir às práticas de governança e compliance torna-se essencial para proporcionar benefícios que impactem positivamente e gerem competitividade às empresas.
Indo de encontro a este cenário, a pesquisa “A Governança Corporativa e o Mercado de Capitais”, realizada pela KPMG Brasil, indica o fortalecimento de iniciativas de governança corporativa nas organizações abertas brasileiras em 2022. Dentre os tópicos abordados no estudo destacam-se a maior preocupação com questões relacionadas a riscos, além do aumento de Comitês de Auditoria e o empenho na divulgação de informações relacionadas a ESG (Environmental, Social and Corporate Governance).
Neste sentido, setores como o logístico estão atentos a esta realidade e tem buscado alternativas que potencializem os pilares de ESG, conforme aponta o relatório State Of Supply Chain Sustainability, da MIT Center for Transportation & Logistics, que aponta que 59% das empresas globais investem nessas práticas dentro da cadeia logística.
Apesar do tema governança estar entre as prioridades das empresas, ainda existem algumas barreiras a serem superadas para estimular ainda mais a sua adoção. A primeira delas está relacionada ao dinamismo do mercado e à capacidade das empresas em responder aos novos padrões exigidos nos setores onde atuam. E, neste sentido, o primeiro passo é a realização de uma análise interna da estrutura necessária para que a companhia possa sustentar todos os níveis e normas de governança. O segundo é referente a capacidade das empresas de avaliar e permear sua cadeia de valor para garantir, por exemplo, que seus fornecedores operem conforme os padrões de Governança esperados.
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O pilar da governança é fundamental para nortear a companhia na direção do seu planejamento estratégico voltado para ESG. É papel dos órgãos de governança monitorar a efetividade da estrutura montada pela companhia para suportar a estratégia. Como exemplo, pode-se mencionar o compliance e seu arcabouço normativo, programas de treinamento, mecanismos de denúncias e zelo pela cultura de integridade da companhia, como uma função fundamental para a governança. Além da visão interna, voltada para a companhia, a propagação desta cultura para a cadeia de valor, fornecedores e clientes torna-se imperativa para que toda essa rede compartilhe dos mesmos valores e preocupações éticas. Por isso, conhecer a fundo o histórico de todos os parceiros é crucial para garantir um processo mais alinhado e assertivo.
O Manual de Conduta Ética é uma forma eficiente de comunicar aos parceiros, de forma objetiva e direta, o padrão esperado pela companhia e estabelecer as diretrizes de integridade e regras de comportamento a serem seguidas pelos colaboradores, bem como refletir o compromisso instituído entre a companhia e suas equipes, em proporcionar um ambiente seguro e ético.
Neste documento, são sinalizadas as condutas ideais nas relações internas de trabalho associadas a segurança e relacionamento interpessoal, e, no caso dos operadores de cabotagem, por exemplo, são indicadas ações que versam sobre o convívio dos marítimos e dão a base para a estratégia de promoção da diversidade a bordo.
Em relação ao mercado externo, este manual opera como um regulador de comportamentos a serem praticados com clientes, acionistas, fornecedores e prestadores de serviços, bem como estabelece condutas ao lidar com a concorrência, comunidade, órgãos governamentais e imprensa. O compromisso da organização em oferecer um Canal de Denúncia e estabelecer um Comitê de Ética são outros indicadores essenciais para promover um alto grau de governança na qual seus clientes reconheçam vantagens comparativas.
A área de compliance, em especial, deve estar atenta às principais demandas éticas que estão em voga na sociedade, como a prevenção de assédios e atos discriminatórios, por exemplo. Neste contexto, iniciativas direcionadas a este setor devem funcionar como um organismo vivo, sempre em sinergia com as demandas sociais.
Tendo em vista que o ambiente empresarial é composto por muitas áreas, é preciso contar com o apoio de todas as equipes para monitorar se o comportamento dentro das organizações está em conformidade com as suas diretrizes de integridade. Desta forma, o uso de canais de denúncia é bastante efetivo, uma vez que este tipo de recurso viabiliza o recebimento de notificações relacionadas às condutas no ambiente corporativo, como casos discriminatórios ou de desrespeito, por exemplo.
Este também pode ser um indicativo eficaz para que líderes, diretores e membros do Conselho de Administração tenham um olhar mais criterioso com relação a como a empresa e suas diferentes áreas têm lidado com os problemas inerentes na sociedade. Isto permite, ainda, a criação de estratégias que contribuam para o desenvolvimento social, agindo não apenas de maneira reativa às denúncias, mas, também, promovendo ações que tragam soluções efetivas para prevenir a ocorrência de desvios.
Ou seja, atrelada a governança corporativa, a área de compliance garante que a empresa esteja em aderência com os padrões éticos vigentes. E, com o alinhamento integral de todas as condutas presentes no ambiente empresarial, sobretudo relacionadas às posturas éticas, as companhias otimizam seus processos internos, alcançando assim os resultados esperados.
No caso das organizações de logística de capital aberto, existe ainda o fator regulatório e as exigências propostas pelo mercado, como indicadores fundamentais para intensificar o investimento da agenda ESG. Sendo assim, contar com uma governança bem estabelecida não apenas protege a credibilidade das empresas, como atrai investidores, aprimora a operação e promove qualidade na entrega, transmitindo aos clientes mais confiança, por propiciar controles internos bem definidos e estruturas financeiras fortalecidas.
O fato é que, além de gerar valor ao negócio, uma estrutura sólida de governança corporativa e compliance refletem perenidade e responsabilidade e, este posicionamento, consequentemente, preserva o bem mais valioso de qualquer empresa: sua integridade e reputação.
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Eduardo Simeone
Diretor (Jurídico, Compliance e Institucional) da Log-In Logística Intermodal, Grupo Empresarial com atuação nos seguimentos de soluções logísticas, movimentação portuária e navegação de Cabotagem e Mercosul.
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