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Max Filipe Silva Gonçalves    |   01/11/2022   |   Resíduo em Foco   |  

Logística Reversa e Economia Circular

Exclusiva

Você sabe o que é logística reversa? Você sabe o que é economia circular? O que é ODS da ONU? São termos novos? Existe oportunidade de atuação nesta área? Quais são as perspectivas do mercado para esses temas?

Bom, certamente você já ouviu algo sobre estes temas, e as perguntas acima são familiares. Este texto é o início de uma série a ser abordada nesta coluna, que visa trazer informações na área de sustentabilidade, apontando desafios e oportunidades.

Inicialmente, é importante relembrar o que é a ONU - Organização das Nações Unidas. Ela estabeleceu 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. Estes são os objetivos para os quais as Nações Unidas estão contribuindo a fim de que possamos atingir a Agenda 2030 no Brasil.

A Logística Reversa pode ser caracterizada como um conjunto de procedimentos para recolher e dar encaminhamento a um produto (pós-venda) ou resíduo (pós-consumo), para reaproveitamento ou destinação correta destes materiais. Esse conceito foi reforçado com a promulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n°12.305, de agosto de 2010). Entre as definições, ficou estabelecido a possibilidade de utilização de acordo setorial, incluindo fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, quanto à implantação de uma responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.

A Economia Circular reflete uma mudança estrutural que cria estabilidade a longo prazo, maximiza o uso e a circulação de mercadorias, recursos e nutrientes (ODS12), proporcionando benefícios econômicos, ambientais e sociais (ODS 1, 2, 9, 13 - 15) que ajudam os setores público e privado a abordar os objetivos de curto e longo prazo dos ODS. O gerenciamento de resíduo sólido baseado na economia circular, pode ser um componente integral na promoção dos três pilares do desenvolvimento sustentável (desenvolvimento econômico, inclusão social e proteção ambiental).


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Muitos pensam que a grande oportunidade dos tempos atuais, é dentro da área de tecnologia. Certamente esta área oferece grandes desafios para os profissionais, demandando cada vez mais capacitação e desenvolvimento. Entretanto, é importante destacar que os recursos naturais são escassos e, por sua vez, apresentam limitações. Isso significa por exemplo, que a quantidade disponível de lítio disponível no meio ambiente, para extração, é limitada! Considerando isso, identificamos um grande desafio: como continuar fabricando baterias de lítio? O consumo de produtos eletrônicos portáteis cresce de forma exponencial, não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. 

Além de celular e notebooks, o lítio está nas baterias de lítio que estão presentes em sistemas de energia solar e carros elétricos. Apesar da dependência de fontes não renováveis, a matriz energética do Brasil é bem diversificada e, de acordo com o Balanço Energético Nacional de 2021, existe expectativa de crescimento da utilização da energia solar. Com os incentivos fiscais e de utilização dos veículos elétricos, a demanda desta modalidade de modal de transporte aquece a necessidade de estudar novas estratégias de utilização de matéria-prima para fabricação de baterias

A Logística Reversa pode ser impulsionada por aspectos econômicos (ter rentabilidade na comercialização do resíduo), legislação (obrigação por força de lei) ou aspectos socioambientais. Muitas pessoas vivem do valor comercializado do resíduo coletado, mas a remuneração varia muito de acordo com o resíduo. Isso se dá também pelo dano ou potencial que o resíduo/rejeito apresenta. As dificuldades de coleta, transporte e manuseio, também devem ser consideradas para estruturar uma rede de retorno do resíduo.

Portanto, o convite à sociedade não se restringe apenas em (re)pensar em como descartar de forma adequada os resíduos. A prioridade é identificar como podemos reutilizar um resíduo como matéria-prima de outro processo. O que podemos fazer para minimizar a necessidade de matéria-prima, na fabricação de um produto? É possível reciclar ao invés de descartar? Qual destinação mais nobre, o resíduo em nossas mãos pode alcançar?

Nós desafiamos você a olhar no seu dia a dia, na sua rotina, e realizar perguntas como: o que posso fazer com o tubo, após acabar o creme dental?  Qual melhor destino para a caixa de leite? E o óleo residual de fritura, é melhor fazer sabão?

Nos acompanhe nas próximas edições para você conhecer mais desafios e oportunidades nesta área!

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.
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Max Filipe Silva Gonçalves

Professor da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Engenheiro de Produção, Mestre em Energia, Doutor em Engenharia de Materiais e Nanotecnologia.
Área de Pesquisa: Logística Reversa | Economia Circular | Gerenciamento de Resíduos Sólidos