por Alexandre Pierro    |   10/09/2020

A importância dos processos para a inovação

A pandemia deu um novo significado à inovação. Se antes, empresas viam a geração de ideias como um processo de estímulo à criatividade – e nada além disso –, hoje, ficou evidente o quanto aqueles que não estiverem preparados ou não se adaptarem aos novos tempos estarão fadados ao fim. A prova disso é que uma pesquisa recente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) apontou que 83% das empresas brasileiras vão precisar inovar para sobreviver ou para crescer no pós-pandemia.

Ao mesmo tempo, também caiu por terra a ideia de que inovar é estar imerso em um ambiente de puffs confortáveis, gramado sintético e post-its coloridos. Assim como diversas operações dentro de uma empresa, a inovação também requer processos, acompanhamento e métricas.

Como exemplo, temos a ISO 56.002, que mostra a importância de unir gestão e inovação. Durante 11 anos de estudo, especialistas de todo o mundo buscaram reunir as melhores práticas sobre o tema em seus países. O resultado foi uma norma reconhecida internacionalmente com as melhores diretrizes para inovar. Mas, se a inovação é vista como algo livre de regras e disruptivo por natureza, como esperar que processos e etapas facilitem seu desenvolvimento?

É justamente o que a ISO tenta nos ensinar há anos. As normas não devem ser vistas como mais um processo burocrático a qual as empresas estão submetidas, mas um sistema que possibilita processos mais ágeis, identificar e resolver problemas com mais facilidade, entre outros benefícios. Ao implementar um Sistema de Gestão Integrado, que pode reunir diversas normas, inclusive a ISO de inovação, é possível enxergar o negócio por completo e verificar quais áreas poderiam funcionar de um jeito melhor. Em outras palavras, as normas ajudam a compor um sistema que permitirá avaliar a saúde da empresa – e, assim, fazer check-ups sempre que necessário.


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No caso da 56.002, a ISO foi ainda mais pertinente ao entender que inovar não é como preparar um bolo. Não há receita ou modelo certo a seguir: o destino é fruto direto da trajetória que a empresa trilhar. Só ela sabe como fazer isso, com base em sua cultura, valores e mercado em que está inserida.

Entretanto, como o principal objetivo da norma é fazer as empresas obterem lucro com a inovação em produtos e serviços, a ISO estabelece um funil de inovação com algumas etapas. Tudo começa ao identificar e classificar uma ideia: se é uma melhoria ou inovação; e se for uma inovação, de qual tipo, como, por exemplo, criativa, radical, incremental, disruptiva ou tecnológica.

Depois, metodologias como o Design Thinking podem ajudar a desenvolver melhor o projeto e como ele pode ser um sucesso para minha empresa. A terceira etapa envolve a validação de diversos setores, como financeiro e tecnológico. Ela funcionará como um termômetro de mercado, para sentir a aderência da ideia aos possíveis compradores. Depois, é hora de finalmente executar a ideia. Nessa etapa de desenvolvimento, tiramos os insights do papel e damos vida a eles. Para isso, podemos usar metodologias como o SCRUM para nos auxiliar. Em seguida, criamos o nosso MPV (Produto Minimamente Viável).

Veja que a ISO 56.002 não diz o que cada empresa deve fazer, mas orienta qual o caminho a ser percorrido para identificar se uma ideia realmente tem valor. É o equilíbrio essencial para criar métricas que possibilitem acompanhar o sucesso de uma inovação sem engessá-la.

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

Alexandre Pierro

O autor é sócio-fundador da PALAS e um dos únicos brasileiros a participar ativamente da formatação da ISO 56.002, de gestão da inovação.