por Rogério Baldauf    |   22/04/2020

É hora de repensar o modelo de crescimento contínuo

Neste mundo imprevisível e volátil, não sou adepto a “ter um plano B”. Nunca teremos uma alternativa adequada pronta na gaveta. Acho que precisamos estar abertos a mudanças e nos reinventarmos diariamente. O ser humano é, em geral, avesso a mudanças, mas nós precisamos criar uma cultura ávida por evoluir continuamente.

Especialmente diante de todo nosso atual cenário, que mudou muito mais rapidamente que o normal e que exige uma rápida adaptação. A grande mudança na visão do negócio é que, muitas vezes, subestimamos nossa capacidade de realização e colocamos empecilhos que não existem. Devemos utilizar esta nossa capacidade de transformação rápida mesmo em tempos mais tranquilos.

Tenho visto isso no dia-a-dia da empresa. Minha perspectiva era de que, à medida em que a situação de isolamento social fosse se intensificando, o ritmo dos negócios acompanharia e começaríamos a verificar ociosidade. Mas o que ocorre no momento é muito diferente disso. Além das demandas normais, existe um trabalho constante para definir e implementar ações de prevenção e proteção às pessoas e organizar as novas formas de trabalho que emergiram durante este período. Naturalmente, uma das grandes mudanças foram as reuniões, agora quase 100% virtuais.

Na Schmersal, estamos utilizando diversos canais para videoconferência; criamos grupos de WhatsApp e o telefone nunca foi tão usado. Transmitimos nossas mensagens, escritas, por áudio e por vídeo. Sou muito a favor da convivência presencial, mas os meios alternativos de comunicação que estamos usando têm cumprido muito bem o papel de alinhamento entre as pessoas que estão distantes.

Muitas vezes, existe a preocupação com a eficiência e a produtividade das pessoas que não estão sob supervisão constante. No nosso caso, percebemos um engajamento ainda maior do que quando as pessoas estão todas presentes. Isto decorre do nosso modelo de gestão que sempre promoveu a liberdade e autonomia. Recentemente, desenvolvemos equipes autogeridas e esta cultura está presente em todas as áreas. O respeito aos líderes é conquistado e não imposto pelos títulos que ostentam. As pessoas são engajadas porque veem significado e propósito no que elas fazem e se sentem donos da empresa. Por isso, existe o comprometimento e a dedicação sem a necessidade de controle.


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O aprendizado, não só para a indústria, mas para todas as pessoas, é que precisamos valorizar aquilo que realmente é importante. Temos visto isto acontecer na convivência em família, na valorização das pequenas coisas, na observação da natureza, que agora começa compulsoriamente a se recuperar.

Precisamos repensar o modelo de crescimento contínuo, que é a base da economia hoje e que está refreada diante da pandemia do covid-19.  O planeta não comporta crescimento do consumo indefinidamente. Considero que as empresas têm uma responsabilidade social muito grande e devem atuar ativamente na solução dos maiores problemas da humanidade. Esta crise trará uma nova consciência com relação a estas questões.

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

Rogério Baldauf

Perfil do autor

diretor-superintendente da Schmersal