Figura: Divulgação
O potencial econômico da venda de créditos de carbono das 34 unidades de conservação do Amazonas pode chegar a US$ 100 milhões de dólares, por ano, segundo dados da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) disponíveis no site da organização.
Os créditos de carbono são certificados e emitidos quando ocorre a redução de emissão de gases do efeito estufa. Este crédito pode ser negociado no mercado internacional.
O dado é baseado em estudo feito pelo Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa). De acordo com o instituto, cada hectare de floresta estoca 0,6 tonelada de carbono por ano e o mercado internacional paga, em média, US$ 3,8, por tonelada.
Segundo a FAS, “dadas as dimensões do Estado do Amazonas e o preço atual de US$ 3,8 por tonelada de carbono evitado, os créditos podem chegar à quantia de 100 milhões de dólares por ano”.
A FAS é uma entidade privada criada por lei estadual para reunir recursos e aplicar em ações de proteção ao meio ambiente no Amazonas, planeja fazer até o fim do ano, a primeira venda de crédito de carbono de uma das 34 reservas ecológicas que o Estado possui. A informação é do diretor-técnico da FAS, João Tezza Neto.
Segundo ele, a área ‘piloto’ será a reserva de desenvolvimento sustentável do Juma, no município de Novo Aripuanã (a 227 quilômetros ao Sul de Manaus), que possui 589.611 mil hectares. Neto explicou que a metodologia do processo ainda está sendo estudada, por isso, não é possível dizer quantos créditos serão negociados e nem quanto em dinheiro o negócio vai gerar.
Negociação
A FAS tem os direitos dos serviços e produtos ambientais gerados pelas unidades de conservação do Amazonas, que somam cerca de 17 milhões de hectares de floresta, ressaltou João Tezza. “O Estado fez uma doação onerosa dos direitos para a FAS, com isso, todo recurso adquirido precisa ser revertido para as próprias unidades, como também prevê a Lei de Mudanças Climáticas do Governo do Amazonas”, disse Neto.
A venda dos créditos de carbono foi estabelecida pelo Protocolo de Kyoto, como uma alternativa de utilização de mecanismos de mercado para que os países desenvolvidos possam atingir os objetivos de redução de gases de efeito estufa. “Quando você evita o desmatamento, você gera um crédito do carbono que você jogaria na atmosfera. Isso se chama crédito de carbono por desmatamento evitado”, informou João Tezza.
Pelo tratado, os países que mais emitem gases poluentes à atmosfera, o que pode aumentar o buraco na camada de ozônio, causando mudanças climáticas, são obrigados pelo tratado a comprar os créditos de áreas não devastadas. Em vigência desde fevereiro de 2005, o protocolo internacional, assinado por mais de 140 países, obriga as nações industrializadas a diminuírem em 5,2% a emissão de gases como o dióxido de carbono e o metano, com base nos níveis gerados em 1990.
Créditos
Os créditos de carbono são referentes às unidades de conservação que têm uma previsão de desmatamento, segundo João Tezza. O diretor-técnico da FAS informou ainda que o Brasil é 5º país do mundo que mais emite gases poluentes.
João Tezza afirmou que, desde que foi criada, em dezembro de 2007, a fundação está trabalhando na elaboração de metodologias de cálculo e aferição do carbono, como também de medidas de conservação para evitar o desmatamento. “Depois que tivermos isso, podemos ir ao mercado e oferecer os créditos”, afirmou.
Para ampliar o capital, a FAS pretende conseguir mais recursos com o setor privado. O primeiro ‘parceiro’ a entrar na iniciativa foi o Bradesco, que já destinou R$ 20 milhões para o fundo e se comprometeu a doar R$ 10 milhões anuais, durante cinco anos.