Indústria já começa a projetar prejuízos com catástrofe no RS

Segundo a Fiergs, áreas atingidas pelas chuvas no Rio Grande do Sul concentram 87,2% dos empregos industriais do estado

A indústria brasileira já começa a analisar os efeitos da catástrofe climática que, até o dia 9 de maio, já havia provocado 107 mortes e afetado quase 1,5 milhão de pessoas no Rio Grande do Sul, de acordo com dados oficiais. O estado enfrenta a pior enchente de sua história, com consequências para todo o país. 

Perdas inestimáveis à indústria 

Em pronunciamento nesta quarta-feira (8), Arildo Bennech Oliveira, presidente em exercício da Federação das Indústria do Rio Grande do Sul (Fiergs), reiterou que as perdas econômicas no Rio Grande do Sul são "inestimáveis no momento". Conforme o G1, estimativas da entidade mostram que, juntos, os 336 municípios em situação de calamidade pública já reconhecida concentram 87,2% dos empregos industriais do estado e 86,4% dos estabelecimentos industriais.

De acordo com Oliveira, além dos problemas logísticos, os principais polos industriais gaúchos estão nos locais mais afetados pelas chuvas.

Levantamento da Federação, citado pelo G1, mostra que o Vale dos Sinos emprega cerca de 160 mil pessoas e tem força na produção de calçados; na Grande Porto Alegre, são cerca de 127 mil empregodos na indústria, sobreutdo na produção de veículos, autopeças, máquinas, derivados de petróleo e alimentos; já a região serrana, parques fabris dos setores de veículos, máquinas, produtos de metal e móveis somam cerca de 115 mil empregados. 

Indústria de veículos já prevê prejuízos

O Rio Grande do Sul é o 4º estado do país com o maior número de estabelecimentos industriais: são 45.842 listados pelo Perfil da Indústria de 2021, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Construção; Alimentos; Serviços industriais de utilidade pública; Químicos; e Máquinas e Equipamentos representam, juntos, 60,2% da indústria do estado, onde também prosperam, por exemplo, indústrias de Metal; Calçados; e Veículos Automotores - este que já prevê danos em série.


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A diferentes veículos de comunicação, Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), afirma que o impacto na indústria de veículos será inevitável.

Ao O Globo, o dirigente afirmou que, após uma série de números positivos para o setor, a tendência é de agravamento nos próximos meses. Ao Valor Econômico, o dirigente projetou a formação de uma nova dinâmica na demanda por veículos e máquinas - o setor agrícola do Rio Grande do Sul foi duramente afetado, com perdas diferentes em cada região.

O setor automotivo ainda não estimou a proporção dos prejuízos, aos quais se somam aqueles causados pela interrupção na cadeia de transporte. As chuvas afetaram rodovias, portos e aeroportos gaúchos, que, além da conexão com o restante do Brasil, limitam o acesso aos países vizinhos. A Argentina, por exemplo, tem um parque fabril de veículos bastante dependente de peças fabricadas na indústria brasileira.

De acordo com a CNN, o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), descarta - por ora - uma crise de desabastecimento nas montadoras do Brasil. Embora fábricas localizadas na região da Grande Porto Alegre tenham ficado submersas, plantas de outras localidades, como Gravataí e Caxias do Sul, seguem em operação regular, disse ao veículo ao presidente da entidade, Claudio Sahad.