Mangels sai da recuperação judicial e investe em Minas

Com uma dívida de R$ 434 milhões – 98% do montante com oito bancos – e mais de 600 credores, a Mangels Industrial entrou com pedido de recuperação judicial em 2013, conseguiu a aprovação do plano um ano depois e, com o pagamento em ordem, conseguiu a certidão negativa de débito. “É importante sair da recuperação, vendemos para quase todas as montadoras, mas tem algumas que não fazem negócio com empresas que estão em recuperação judicial”, contou o diretor de finanças, administração e relação com investidores Fábio Mazini sobre a saída do processo no mês passado.

Com a planta fabril em Três Corações, no Sul de Minas, a fabricante de rodas de alumínio para os setores automotivo, de botijões GLP e de produtos de aço para diversos segmentos da indústria, a Mangels tem o Estado como posicionamento essencial. “Mais de 90% de nosso faturamento está centralizado na região de Três Corações, e somos a maior empregadora na região”, informou Mazini sobre os 1.600 empregados na fábrica, de um total de 1.964 funcionários em toda a companhia.

Produção e investimento

Numa área de 400 mil m² sendo 100 mil m² de área construída, a fábrica em Três Corações foi inaugurada em 1975 com a produção de cilindros para botijões GLP, e em 1989 teve início a produção de rodas de alumínio na unidade mineira.
Mesmo em recuperação, a Mangels investiu mais de R$ 45 milhões nos últimos quatro anos com a implantação de projetos como o SAP na gestão, injetoras de alumínio, aquisição de novo forno de tratamento térmico e implantação de sua primeira célula de usinagem robotizada. “Hoje já estamos no patamar de automação da fábrica. Já estamos com robô inaugurado em dezembro passado e outro que será agora em abril na usinagem”, explicou Mazini.


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Para continuar investindo, mesmo em recuperação judicial, a Mangels fez cortes de cima para baixo. “Reduzimos o quadro de executivos de 52 para 25 cargos. No começo, não trocávamos uma lâmpada queimada e nem pintávamos paredes. Depois, vimos que dava para investir”, lembrou o executivo.

Com um trabalho que inclui a fabricação da roda inteira, atualmente, a Mangels produz 1,6 milhão de rodas por ano, mas tem capacidade instalada para a produção de 2 milhões de rodas. “É um produto lapidado, complexo de fazer. Vendemos muita roda para o mercado de alumínio diamantado”, explicou Mazini. No caso de botijões GLP, são fabricados 1,5 milhão de cilindros por ano.

Grandes números

1,6 milhão de rodas de alumínio são produzidas por ano na fábrica da Mangels.
1,5 milhão de cilindros para GLP são produzidos por ano pela Mangels.
R$ 434 mi foi o volume da dívida que fez a Mangels pedir recuperação judicial.
 
Escolinha para ajudar a sair da crise é a proposta

Nos últimos três anos em que a Mangels viveu sob a recuperação judicial, o executivo Fábio Mazini contou que a cultura da empresa mudou. “Hoje, o funcionário está apto para ver com o supervisor qualquer desperdício. Pode ser de R$ 1 ou de milhões. É uma empresa enxuta onde conseguimos mudar muita coisa”, admitiu o diretor. Com a mudança também veio a ideia de abrir uma instituição sem fins lucrativos para empresas que precisam reverter o quadro e ter sucesso na recuperação judicial. “Não tínhamos ninguém a quem recorrer, só consultor cobrando milhões. Tivemos que desenvolver um modelo interno próprio e gostaríamos de ajudar outras empresas”, disse.

Depois de superar a recuperação judicial, Mazini listou alguns conselhos: investir de forma inteligente e correta é um deles. “Cortar todos os excessos, desde os menores até os maiores”. Para Mazini, a lei da recuperação judicial é importante para dar fôlego. “Só a lei não salva”. Para ele, credores têm poder grande. “Os bancos poderiam pensar mais na empresa, nos colaboradores, utilizar mais o poder que têm para ajudar as empresas”.